12 razões para viajar para Oaxaca

Agora, no Dia dos Mortos ou assim que der um tempinho extra: você tem que viajar para Oaxaca!

 

– Em primeiro lugar, saiba pronunciar: o X de Oaxaca tem som de rr. Então a cidade (e o estado) se chamam “oarraca” –

 

Oaxaca de Juárez é a capital do estado de Oaxaca, no México. Embora seja uma cidade relativamente grande (3 milhões de habitantes!!), o centro histórico é pequeno, bem preservado e muito fácil e gostoso de percorrer à pé. Sendo turista, você só vai precisar sair desse universo paralelo (rs) pra ir pra povoados perto, ruínas e outras atrações que o ônibus ou uma van vão te levar, rs.

Se puder evitar, não pegue nenhum tour, tente fazer o máximo de passeios independentemente!

Minha experiência com tour contratado não foi boa: muito corrido, levaram a gente pra comer num lugar ruim e não tinha nada em volta como outra opção, a destilaria de mezcal era de má qualidade e a família que estava fazendo a demonstração de tecelagem não sabia explicar nada, parecia que queriam só vender.

Melhor ir você mesmo pra cada uma das atrações, com ônibus de linha normal ou com van de turismo (mas sem tour, sem hora pra ir embora, sem “indicação” de onde comer).

 

 

Pronto, agora já podemos prosseguir com doze das milhares de razões para viajar pra Oaxaca! Se estiver indo pro México, considere fortemente incluí-la no roteiro.

 

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1- é a capital gastronômica do México

Mole negro (molho tradicional feito com pimentas e chocolate – pã), tamales oaxaqueños (“pamonhas” salgadas enroladas em folha de bananeira para conservar a umidade e deliciosidade), tlayudas (tortilhas gigantes e crocantes recheadas de carne com banha de porco. Juro, é maravilhoso), chapulines (grilos fritos), sopa de pedra… várias comidas maravilhosas que você encontra pelo México vêm de Oaxaca ou foram aperfeiçoadas em Oaxaca. Nada melhor do que provar os pratos no seu lugar típico, né? Prepare-se pra comer MUITO e se deliciar!

 

O prato da foto é o delicioso frango com mole negro do restaurante Tierra Antigua, em Teotitlán del Valle, a poucos minutos de Oaxaca. Ele é administrado pela chef Carina, uma das membros do grupo de cozinheiras tradicionais de Oaxaca. O mole negro foi preparado da maneira tradicional, demorou 2 dias para a pasta ficar pronta + o dia do almoço, quando o ensopado foi preparado. INCRÍVEL!

 

Recomendo SUPER este lugar! Tierra Antigua é <3 Melhor comida tradicional mexicana que já provei e ainda foi a um preço muito muito acessível! A única dificuldade é chegar a Teotitlán del Valle – existem micro-onibus de linha que vão até lá e dá pra ir de taxi também. Quando fomos, durante o Dia dos Mortos, juntamos um grupo de brasileiros visitando Oaxaca e alugamos uma van (éramos 16 pessoas).

 

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2- está perto de comunidades indígenas produtoras de lindos artesanatos

Cada povoado é especializado em um tipo de trabalho: tecelagem com fios coloridos com tintas naturais (Teotilán Del Valle), cerâmicas super trabalhadas em barro negro (San Bartolo Coyotepec) e alebrijes, esculturas em madeira de animais meio reais, meio mitológicos, coloridos com tons neon (San Martín Tilcajete). Dá pra comprar tudo em Oaxaca mesmo, mas visitar os povoados e bater papo com os artesãos é muito interessante!

 

Este da foto acima é o Pedro, de uma família zapoteca de Teotilán del Valle. A mulher dele é a dona do Tierra Antigua. Enquanto a chef Carina, sua sogra e sua filha cozinham no restaurante, Pedro e outros membros da família são responsáveis pelo tingimento de lã para a produção dos tapetes tradicionais da região. Ele falou com a gente em zapoteco em um momento da demonstração do trabalho dele, foi bastante interessante ouvir a língua – deu pra entender porque o sotaque oaxaquenho é como é.

 

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3- possui belas ruínas no topo de uma montanha

Monte Albán é uma antiga cidade precolombiana em ruínas localizada a apenas 30 minutos de Oaxaca. A galera zapoteca précolombiana que povoou o local aplainou o cume do monte para instalar sua cidade ali. Seu auge foi entre 500 A. C. e 800 d.C., ou seja: são quase tão antigas quanto várias ruínas romanas na Itália. os edifícios são interessantes, o museu explicando tudo é satisfatório e a vista que se tem lá do alto, tanto do lado da cidade quanto do lado da natureza selvagem, é de tirar o fôlego.

 

Dá pra ir pra Monte Albán de transporte público ou pegar uma van barata até lá.

Outras ruínas importantes da região ficam em Mitla, mas não achei tão legais quanto Monte Albán.

 

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4- é a capital de um estado com muita influência indígena

Na culinária, na preparação das bebidas (mezcal, por exemplo) na arquitetura, no artesanato e também, é claro, nas feições e no sotaque das pessoas, a presença indígena é fortíssima em Oaxaca.

 

O estado tem maioria de origem zapoteca e mixteca (duas etnias cujas línguas são completamente diferentes) e o Museo de las Culturas de Oaxaca é um lugar de visita quase obrigatória. Ali, você vê desde artefatos encontrados em Monte Albán quanto toda a história cultural do estado até os dias atuais. Confesso que fiquei meio cansada depois que os espanhois chegaram, os prehispânicos eram mais legais!

 

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Alías, o museu em si é um exemplo da história mexicana! Era um convento que foi desapropriado da igreja durante a Revolução Mexicana e serviu de quartel e prisão até que ficou desativado e virou museu e jardim botânico (com lindas espécies de cactus da região).

 

Não sem razão, Oaxaca e Chiapas são os estados mais indígenas e também que mais protestam frente aos abusos do governo central mexicano. Viva la resistência!

 

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5- tem uma tradição artística (principlamente de gravura) que segue forte até os dias de hoje

Existem três universidades de artes e diversos ateliers de artistas que vivem em Oaxaca (mexicanos e estrangeiros). Com agradável surpresa, percebi que muitos deles eram gravuristas!

Os museus de Oaxaca são bons e têm museografia moderna e interessante. Para ver a boa mescla entre o velho e o novo, não deixe de conhecer o Museo Textil (foto acima) e o Centro Cultural San Pablo (foto de uma das galerias abaixo).

 

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O Centro Cultural, aliás, compreende a primeira igreja e o primeiro convento de Oaxaca, restaurados e modernizados onde não conseguiram restaurar, uma rua fechada sempre cheia de atividades, um outro museu do outro lado da “rua” (na foto acima) e um restaurante. Foi lá que eu vi uma oficina de gravura temporária muito legal, onde fiz minha primeira (e única) gravura em linóleo. Olha ela aqui:

 

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Fiz uma flor de cempasúchil, a flor típica do Dia dos Mortos, também conhecida como calêndula mexicana 🙂 Eu adoro essa flor por causa da cor, do cheiro e da data especial que ela floresce! Aliás, estar em Oaxaca para o Dia dos Mortos foi uma das melhores coisas da viagem! Mais sobre a celebração aqui mais embiaxo no post 🙂

 

Recomendo também o Museo de Arte Contemporáneo de Oaxaca, além do Museo de Las Culturas, que já falei ali em cima.

 

 

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6- é a capital de um dos principais estados produtores de mezcal, o destilado feito com cactus

Tequila é um tipo de mezcal, mas é possível fazer a bebida com 36 espécies de cactus (o tequila é feito de agave azul). 32 dessas espécies crescem em Oaxaca, então prepare-se para degustar vários tipos de mezcal e provavelmente ficar muito louco! Fui à mais antiga mezcaleria de Oaxaca e expliquei melhor sobre a bebida e suas variedades nesse post aqui.

 

Esta mezcaleria da foto é a Piedra Lumbre, lugar bem longe da tourist track, mas super central e fácil de achar, que o Eber, meu amigo e anfitrião (via CouchSurfing) em Oaxaca me levou na minha última noite. Gente, é maravilhosa essa mezcaleria, e barata pra qualidade que ela oferece! Lá provei puntas de mezcal, que são a primeira extração do mezcal, a parte mais fina e alcoólica do bagulho. Geralmente as puntas são são 60% álcool, mas quando o mezcal é bom (caso desse na Piedra Lumbre), você nem sente! Era tão aromático, tão complexo. Uma bebida espetacular mesmo, pra degustar devagar (lembrem-se que é 60% álcool hahaha). Leia mais informações e acompanhe a Piedra Lumbre no facebook.

 

Foi por causa do Eber também que conheci a mezcaleria Tobalá, que também está nessa lista bem legal de bares para conhecer em Oaxaca. Dica: usem o couchsurfing e conheçam rolês locais saindo com os locais 😉

 

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7- é produtor de um dos melhores queijos do México (opinião minha!)

O queijo Oaxaca, que lá é conhecido apenas como “quesillo” é simplesmente maravilhoso: parece queijo muçarela de trança, daqueles que desfiam, mas, ao derreter, não fica borrachudo! Ele também tem menos sal e mais sabor que a muçarela. Ou seja: perfeito para rechear quesadillas, tacos, pizzas e o que mais a gente quiser. Fora de Oaxaca, o queijo de oaxaca não é tão bom, então se você gosta de queijo, coma muito dele enquanto estiver lá #dica.

 

Na foto, uma tlayuda, comida de rua que é uma tortilha gigante bezuntada de banha cozida de porco e recheada com muitooooo queijoooooo de Oaxaca. E é enorme, divida com alguém, guarde pra depois ou morra de tanto comer hahahaha

 

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8- tem chocolate quente e gelado artesanal tradicional

Em várias lojas, é possível ver a galera moendo os grãos de cacau com açúcar e canela na hora!

 

Essa da foto é a Casa Mayordomo, uma rede de chocolate artesanal de Oaxaca. Não é a melhor de todas, mas não achei loja de outras, só as barrinhas já prontas, aí não tenho foto 🙁 Na verdade, não achei que é um chocolate muito gostoso de comer assim, em barra, mas quando misturado no leite (ou água) quente… NHAM!

 

É muito bom pros dias frios, geralmente os vendedores têm um só com canela e outro com canela e amêndoas. E no calor eles têm uma versão de chocolate gelado, meio frapê! O bom de Oaxaca é que é seco, então de noite é friozinho e de dia pode fazer bastante calor – aí você vai poder provar dos dois tipos de chocolate em apenas um dia, hehe.

 

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9- é onde fica a padaria Boulenc

Aberta há pouco tempo por 3 jovens amigos (muito gatos, aliás) de Saltillo, norte do México, a Boulenc é uma padaria artesanal pequenininha e aconchegante, que produz pães de tradição alemã, francesa e mexicana.

 

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O espaço é bastante aberto e arejado, com apenas um balcão e um banquinho. Do balcão a gente vê os meninos (vi apenas uma menina e acho que ela não é do staff regular) em todos os processos de preparo dos pães: da esponja de fermento ao forno.

 

Durante o Dia dos Mortos, eles fizeram o melhor pan de muerto que já provei (e olha que eu fiz questão de experimentar muitos – até que eles desapareceram das padarias depois do feriado). Tudo lá é bom!

 

E essa xicrinha de cabeça de homenzinho foi desenhada pelo Juan Pablo, um dos donos da Boulenc, e levada para ser produzida nos ceramistas de Oaxaca! Amor.

 

Mais sobre a história da padaria (em espanhol). E sigam eles no instagram pra ficar passando vontade como eu.

 

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10- está à poucas horas da praia na costa Pacífico

Cancun e a Riviera Maya que me desculpem, mas nenhuma cor de azul substitui o espetáculo do sol morrendo no mar todos os dias!

 

Em apenas 6h de estrada serpenteante (que é meio que um inferno, mas dá pra parar em San José del Pacífico, no meio do caminho, pra dormir uma noite nas montanhas mágicas de lá – ou apenas descansar e tomar um café), você pode sair de Oaxaca e chegar em Mazunte, povoado hippie maravilhoso, onde a praia é limpa, as pessoas são agradáveis e tudo é muito barato. Leia mais sobre Mazunte nesse post.

 

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11- tem uma das festas de Dia dos Mortos mais tradicionais do México

Graças à sua herança indígena forte, Oaxaca ainda não foi dominada pela gringalização do Dia dos Mortos. Se você está querendo conhecer uma comemoração típica da data, nem pense em ficar na Cidade do México, onde as comemorações são tipo o Haloween. Pra ser turista feliz com festa no cemitério e gente fantasiada de caveira na rua, vá pra Oaxaca ou pra Pátzcuaro.

 

Eu recomendo Oaxaca porque é uma cidade interessante para além das festas, então dá pra ficar uns dias a mais antes ou depois pra aproveitar a cidade – e quem sabe escorregar pro mar depois?

A cidade se enche de altares, bandeirinhas, festa na rua e muita gente, muita gente mesmo. Reserve seu hotel antes pra não passar perrengue!

 

Fiz dois posts com muitas fotos sobre o Dia dos Mortos lá: aqui e aqui. Na foto acima, eu e a chef Carina, do restaurante Tierra Antigua. Eu amei esse restaurante, deu pra perceber, né? Você vai amar também, certeza 🙂

 

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12- tem pessoas de coração aberto super acolhedoras

Sabe aquele clima de cidade do interior onde todo mundo se cumprimenta e convida pra parar e tomar um café? Essa foi a minha sensação estando em Oaxaca. Fiz couchsurfing por lá (contei sobre a experiência aqui) e fui tão bem recebida pelo meu host Eber e seus amigos que depois de uns dias já era parte da turma!

 

Esse de cima é o Arturo, amigo do Eber, todo enroladinho no cobertor da mezcaleria Mezcaloteca. Aliás, tem atitude mais amor do que dar cobertores pros seus clientes?!

 

Te convenci?

Um estado tradicional, com comida maravilhosa e bebida destilada típica. Parece familiar?

Sim, Oaxaca é a Minas Gerais do México 😉 Só que com ruínas super antigas e uma costa maravilhosa do ladinho. Será que é melhor que Minas? Como brasileira e mineira, jamais poderia dizer isso, mas é uma disputa acirrada!

 

 

Hospede-se em Oaxaca:

Hostel Azul Cielo

Posada del Xochitl

Hostel Cielo Rojo

Hotel Nacional

Parador San Fernando

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