Lucha libre mexicana: espetáculo fake divertidíssimo

Não vá esperando grandes técnicas de MMA. Não vá esperando um confronto justo. Não vá esperando sangue, riscos ou fraturas reais. A lucha libre é um teatro, e nem é um teatro muito bem ensaiado. Mas não deixa de ser um programa imperdível se você estiver na Cidade do México!

 

Os dois principais lugares para ver a lucha libre mexicana organizada pela CMLL (Consejo Mundial de Lucha Libre) na capital são a Arena México e a Arena Coliseo ambas em região central, sendo que na Arena México elas acontecem toda terça, sexta e domingo e na Arena Coliseo é todo sábado. As lutas começam à noite, só domingo que é mais cedo (5 da tarde), mas não é preciso chegar na hora: são realizadas de cinco a seis lutas por dia, você pode ir chegando tranquilo – mas não perca as últimas lutas, porque a qualidade dos luchadores e das coreografias vai aumentando até a “primera lucha”, a última, que é a mais esperada de todas!

Não é preciso comprar ingressos antes, geralmente as luchas não ficam completamente lotadas. Mas se você quiser garantir seu lugar, dá pra comprar pelo TicketMaster. Chegue na Arena e escolha seu lugar – quanto mais pra frente, mais caro (até 200 pesos) e maior a chance de um luchador cair em cima de você.

 

Os personagens da lucha libre se separam entre rudostécnicos, sendo que os “rudos” são os maus, sempre de preto, vermelho e atitude grosseira, e os “técnicos” são os bonzinhos, pelos quais a maioria das pessoas torcem. Não é sempre que os “técnicos” ganham, mas é uma tristeza geral quando isso não acontece.

 

Lucha-Libre-eusouatoa-arena

 

Cheguei à Arena México atrasada numa terça-feira (que é o dia mais barato, dica!!), já com a terceira luta começando. Uma luta entre mulheres tinha acabado de terminar (saco! Não queria ter perdido!). Mas logo depois começou outra, o negócio é rápido.

 

Entraram três rudos e três técnicos, sendo que o último técnico, time dos mocinhos, era um cara gordão, mais velho e que não usava máscara! Oi?

 

Descobri que tem espaço para todos na Lucha Libre: mulheres bonitas e feias, anões, homens magrinhos, gordões ou fortões: mas é preciso fazer bem o personagem!

 

A Arena parece mesmo um estádio de luta, tunado por propagandas em led: um ringue no meio, arquibancada por todos os lados, um corredor no meio pra entrarem lutadores de um lado e pra entrada do público do outro.

 

No fundo, atrás do corredor de entrada dos luchadores, um telão gigante que mostra os combates ao vivo, como em todo esporte. Legal é que eles adicionam efeitos nos replays dos vídeos, mexicanamente.

 

Entre uma luta e outra, mulheres gostosas aparecem mostrando o placar, anunciando os próximos lutadores e dando tchau depois da luta. Essa parte das gostosas me incomodou muito, mas me resignei que fazia parte da coisa toda. Os luchadores são apresentados pelo locutor com grande pompa e trilha sonora própria de cada um.

 

Na entrada dos “rudos” tocam músicas mais pesadas, tipo death metal mesmo, e na entrada dos “técnicos” vem um som triunfal, quase “Eye of the Tiger”. Acompanhados por gostosas vestidas de acordo com o tema de cada luchador, é claro. À medida que eles entram, a plateia vai à loucura, seja para exaltar, seja para esculachar os combatentes. Aí está o ouro da lucha libre mexicana: a arquibancada.

 

Mais importante do que saber quem ganhou ou quem perdeu, o objetivo da lucha libre é xingar os adversários. E torcer pelos mocinhos. Eu até diria que é mais importante xingar do que torcer.

 

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Fiquei com a impressão de que as pessoas passam a semana toda imaginando quais serão os xingamentos que eles vão usar na arena. Velhinhas de batom, todas arrumadas, esgoelam pedindo a morte do adversário “¡mátalo! ¡mátalo!”, velhinhos se esmeram nos xingamentos pontuais “a sopa era pra todas, gorducha!”, crianças gritam, pais batem palmas, é uma algazarra geral.

 

Momento solta-os-cachorros nacional de um povo que tem que engolir muito sapo no dia a dia. É tanta raiva jogada pra fora que fiquei pensando no que seria do México se a galera não pudesse ir na lucha libre pra extravasar.

 

Quando você for, querido leitor, entre na onda: xingue, grite, torça pelos seus favoritos também! Vai fazer com que a experiência seja bem mais divertida!

 

No começo, eu ficava muito concentrada em tentar entender o que estava acontecendo no ringue: não se preocupe tanto com isso. As lutas são ensaiadas, às vezes os “golpes” são mais falsos do que as briguinhas das novelas mexicanas, o legal é ver os luchadores voarem pelo ringue enquanto você está contagiado pela comoção geral da plateia.

 

As lutas são mais ou menos coreografadas – não sei quanto eles ensaiam antes da luta mesmo, mas o objetivo com certeza não é derrotar o outro adversário de verdade. O mais legal do espetáculo não é ver quem ganha ou quem perde, mas participar de toda a comoção junto com a plateia. Velhos, crianças, jovens, adultos: todo mundo está ali torcendo muito, jogando todos os cachorros pra fora, xingando (por tabela) os chefes, pais, cônjuges, filhos, vizinhos, todo mundo que eles querem xingar na vida real.

 

Vejam um trechinho da luta nesse vídeo que eu fiz.

 

Note os golpes toscos, os momentos de acrobacia de circo e o papel de papagaio de pirata que o juiz faz (não entendi o que ele faz ali, porque ele claramente não tem nenhum poder de decisão dentro do ringue).

 

Entre as arquibancadas, vendedores de tudo fazem o seu trabalho, sem se preocupar muito se estão tampando os espectadores, rs. Algodão doce, pipoca, amendoim, comidinhas já prontas, brinquedos piscantes, máscaras de lucha libre (caras!), apitos… enfim: tudo o que você precisa pra torcer animadamente, se a voz lhe faltar.

 

Ainda que seja tudo bem encenado, nem todas as lutas terminam bem. Há casos de luchadores que morreram no ringue, geralmente porque caíram de mau jeito ou receberam um golpe destrambelhado – ou azar mesmo, porque não é uma luta feita para machucar os performers. Mais sobre o caso do Perro Aguayo, o último luchador a morrer no ringue, aqui – em espanhol.

 

No final da luta que fui assistir – sem incidentes -, eu e meus amigos fomos ao “La Covadonga” para comer e beber. É uma cantina espanhola que fica pertinho da Arena México, a alguns quarteirões de caminhada agradável. Provei uma sopa fria de abacate com salmão defumado que é bastante gostosa!

 

Lucha Libre Mexicana – informações gerais

 

Arena México

Calle Dr. Lavista #189, Colónia Doctores, pertíssimo do metrô Cuauhtemóc (linha rosa).

Todas terças, sextas e domingos. Terças a partir das 19h30 (dia mais barato), sextas a partir das 20h30 (dia mais cheio, com as melhores lutas) e domingos a partir das 17h (domingos familiares <3)

 

Arena Coliseo

Calle República de Perú #77, Centro, perto de vários metrôs e do Zócalo (praça central).

Todos os sábados, às 19h30.

 

 

Hospede-se na Cidade do México

Opções na Roma/Condesa

Pra mim, o melhor bairro pra se hospedar: perto do metrô, do metrobus (BRT) e de diversos bares e restaurantes

Hostel 333 – o hostel onde trabalhei na Cidade do México. Excelente localização, preços baixos, festas no terraço.

Hostel Home – hostel parceiro do Hostel 333 – mais calmo e com excelente wifi, hehe.

Hostel Condesa

 

Opções no Centro Histórico:
Hostel Mundo Joven

Mexico City Hostel

Anys Hostal

 

Opções na Zona Rosa e Colónia Juarez

La Tercia

Hostel Inn Zona Rosa

Hotel Casa Gonzalez

2 comentários em “Lucha libre mexicana: espetáculo fake divertidíssimo”

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