Couchsurfing, carpooling, wwoof… a internet a serviço de quem viaja com pouca grana

internet

O orçamento da minha viagem deve muito a esses três sites acima!

Bom, não só o orçamento, mas também muitas das experiências incríveis que tive na viagem se devem às pessoas que participam dessas comunidades. Mas meu objetivo inicial foi economizar dinheiro mesmo.

Antes de explicar cada um desses sites, aqui vão algumas coisas que servem para todos:

– prepare-se para encontrar todo tipo de gente (legal e chata)

– seja simpático e aberto a novas experiências

– prepare-se para falar de você mesmo e ouvir muito

– seja honesto no seu perfil

– tenha interesse em conhecer pessoas novas (se você quer ficar na sua bolha, nenhum desses sites é pra você)

** Couchsufing.org **

A explicação simples é essa: um site onde pessoas do mundo todo colocam seus sofás (camas extras, chãos, colchões, etc) ao dispor de desconhecidos gratuitamente.

A explicação de verdade é essa: uma das melhores coisas que já aconteceram para a internet, uma rede que conecta pessoas do mundo todo dispostas a compartilhar sua casa, seu tempo e sua vida com estranhos, exigindo nada em troca além da companhia do hóspede.

Criar um perfil no couchsurfing dá trabalho (agora menos com o redesenho do site – aleluia!), mas vale cada minuto. E não é uma comunidade apenas para dormir de graça, os grupos regionais e temáticos do couchsurfing organizam encontros, competições e dão dicas de viagem para qualquer um que esteja interessado.

Foi com um dos grupos que passeei de bicicleta ao redor de um lago em Chiang Mai, na Tailândia. Em Istambul conheci um cara que me apresentou a programas turcos de raiz e serviu de guia e amigo por vários dias na cidade. Em Frankfurt e Bergen peguei dicas de viagem pelos países dos meus anfitriões, em Veneza ajudei meu anfitrião na sua loja de sorvetes (e comi muito de graça do melhor gelato da região <3 ) e finalmente doei minha bicicleta berlinense ao meu anfitrião de Rostock porque havia machucado o ligamento do joelho.

Daqui de BH, como moro na casa de meus pais, não pude hospedar ninguém, mas sempre que posso dou dicas aos viajantes que passam por aqui na comunidade da cidade e ainda quero conseguir ir a um dos encontros de sexta-feira. E planejo minha estadia em São Luís e Belém do Pará pelo couchsurfing! Estou à procura de quem me hospede 🙂

Mas não é perigoso?

O mesmo receio que você tem ao pedir para ficar no sofá de alguém é o que os futuros anfitriões têm por você. Por isso é tão importante fazer um perfil detalhado, honesto e bem humorado de você mesmo.

Legal, como eu começo?

. Faça um perfil com seriedade e bom humor. Suba umas fotos suas (viajando ou não). Veja os perfis de algumas pessoas que você hospedaria na sua casa e entenda o que faz eles serem legais. O que está faltando no seu?

. Quanto melhores as referências a você no seu perfil, maior a chance de você conseguir anfitriões legais quando viajar, por isso…:

– Amigos que já têm perfil no site podem escrever coisas legais sobre você e este é um bom primeiro passo.

– Tente ir a encontros regionais da comunidade do couchsurfing da sua cidade e vá tomar cafés/fazer passeios com gente de fora que está visitando a sua cidade para ter mais gente no seu perfil te recomendando.

– Se você acha que isso tudo dá muito trabalho, você está perdendo a essência do CS: conhecer pessoas do mundo todo e trocar experiências.

. Nas primeiras viagens, faça pedidos de sofá a pessoas que também estão começando (e que parecem legais e fizeram os esforços acima já , claro). As pessoas que estão no começo da comunidade têm as mesmas dificuldades e as chances de você conseguir um sofá com elas são maiores.

. Lugares como Veneza são MUITO visitados e todo mundo que participa do couchsurfing lá recebe milhares de pedidos por dia. Na hora de fazer o pedido, realmente LEIA o perfil da pessoa, mostre que você vai ser uma adição à vida dela se ela te hospedar e seja verdadeiro quanto aos seus hábitos (se você fuma, não minta, por exemplo).

Consegui um sofá, e aí?

Pergunte como faz para chegar à casa da pessoa ou ao local de encontro combinado e se informe sobre a rotina do seu anfitrião: às vezes eles fazem planos para a sua estadia, querem te levar em algum lugar ou esperam que você compartilhe com eles o café da manhã ou o jantar. Pergunte também sobre as regras da casa e horários. Algumas pessoas têm uma chave extra, mas o mais comum é você ter que sair de casa quando o anfitrião sai e voltar depois que ele chegar.

Algumas pessoas costumam levar presentes, mas como eles não são turistas no lugar, acho mais interessante fazer uma compra de supermercado para um café da manhã coletivo ou jantar… ou mesmo comprar um pouco de um prato local que você curtiu para deixar de lembrancinha.

** WWOOF  **

WWOOF significa World Wide Oportunities on Organic Farms e é beeeeem mais tilelê que o courchsurfing.

Ele consiste em uma rede de fazendas orgânicas que abrem espaço para voluntários do mundo todo. Você trabalha 5 horas por dia, 6 dias por semana, e em troca recebe hospedagem, comida e o aprendizado de trabalhar em uma fazenda livre de aditivos químicos.

Algumas delas são mais legais do que outras. Existem fazendas que são verdadeiras indústrias e outras que são de substitência. Algumas trabalham com permacultura, outras fazem sorvete artesanal. Ou seja: pesquise e encontre o local onde você quer trabalhar.

Como funciona?

Cada país/região do mundo tem sua organização de WWOOF. É preciso entrar no site específico de onde você quer trabalhar (infelizmente não é unificado) e pagar a taxa correspondente (38 dóalres) e aí você tem acesso aos endereços e detalhes de todas as fazendas daquele país. Entre em contato com as fazendas que te agradam e torça para que eles te curtam e te chamem! A maioria dos sites oferece uma prévia da lista de fazendas daquele país, então você já pode ter uma ideia de onde está amarrando sua cabritinha antes de desembolsar o dinheiro.

Por que participar?

Bom, além de ter uma experiência rural e orgânica, o que me impulsionou a procurar o WWOOF foi a oportunidade de viver sossegada em uma parte do planeta que eu queria conhecer melhor. Escolhi uma fazenda em uma remota ilha na Noruega, de 30 habitantes que não tinha nem uma cidade, quanto mais um bar ou restaurante, que é cortada pelo Círculo Polar Ártico. A fazenda tem apenas dois membros, um casal alemão na faixa dos 60 anos, e com eles aprendi MUITO sobre a vida (não só rural), além de descansar um pouco da loucura de ficar mudando toda hora de cidade e país. Eu queria entrar em contato com a “Noruega Profunda” e consegui bem mais do que isso!

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Eu e Kurt, o dono da fazenda onde fui voluntária, na mesa de café da manhã – Hestmona (Noruega)

Na Índia, visitei uma fazenda de WWOOF que fica nos himalaias. Ali o grupo era outro: hippies do mundo todo que passavam metade do dia mexendo com a terra, metade convivendo em comunidade, quase uma mini São Tomé das Letras aos pés de uma cordilheira. Quando cheguei, nos sentamos para conversar sobre a fazenda e nos ofereceram um cachimbo da paz de boas vindas (consumo opcional). Lá havia até um grupo argentino de wwoofers lá cujo trabalho era pintar a casa! Eles eram artistas e pintaram formas psicodélicas com tinta fluorescente. Ou seja: existe fazenda pra todo tipo de experiência que você quiser ter.

O Brasil também faz parte do WWOOF, se quiser conhecer alguma fazenda sem viajar para fora do país, é possível 🙂

Fique de olho!

Amigos que se voluntariaram bastante tempo em fazendas como wwoofers me relataram experiências péssimas (uma amiga dormiu num curral cheio de mosquitos na Austrália) e ótimas (aprender a fazer instrumentos musicais tradicionais mexicanos e ser convidada para um ritual maia!). A dica é tentar conversar com os fazendeiros antes e tentar entender se eles estão à procura de trabalhadores grátis ou de trocar experiências com uma pessoa de fora. E lembre-se: não tá legal? Não tem nada te segurando ali, faça as malas e saia. E conte tudo ao pessoal do wwoof, claro.

** Carpooling **

Das comunidades citadas, esta é a menos “social” de todas. Criada na Alemanha, é uma rede de pessoas oferecendo caronas em seus carros para quem quiser dividir os custos de viagem. Hoje em dia, ela está presente em vários países da Europa, mas é na Alemanha e na Áustria que a oferta de viagens é maior.

Não é preciso nem fazer um perfil muito detalhado, apenas seu nome e telefone bastam. Busque o trecho que você quer viajar, faça um pedido bem direto a quem está oferecendo e aguarde.

As duas vezes que peguei carona via este site não fui de carro. Acabei por dividir uma tarifa de trem especial existente na Alemanha, feita para ser compartilhada por 5 pessoas. Ela custa muito mais barato do que se cada um comprasse uma passagem individual – a única exigência é que as 5 pessoas estejam fazendo o mesmo trajeto. O que acontece é que muita gente na Alemanha compra essa passagem apenas com um ou dois companheiros de viagem e oferta os lugares restantes no carpooling.co.uk (que lá chama Mitfahr).

Em uma das viagens, virei super amiga da galera que dividiu a viagem comigo. Da outra vez nenhum deles falava inglês! O importante é chegar, sã, salva e econômica, ao destino não é mesmo?

20 comentários em “Couchsurfing, carpooling, wwoof… a internet a serviço de quem viaja com pouca grana”

  1. Nossa, adorei seu post. Muito diferente do conteúdo que normalmente lemos sobre viagem. Eu curto muito as viagens mais em conta, não só porque viajo bastante mas também porque acho que é delas que tiramos as maiores experiências. Abraços!!!

  2. Olá!

    Adorei o post! Você tem sugestões de fazendas na Argentina? Ou alguém que teve experiência pelo Wwoof de lá? Geralmente as fazendas demoram para responder?
    Agradeço se puder me tirar essas dúvidas.
    Abs,

    Fabricio

    1. não tenho nenhuma recomendação, Fabrício, mas sugiro entrar em contato com as fazendas que lhe parecerem mais interessantes!
      Eu acho que um mês é uma boa antecedência para procurar um lugar para se voluntariar – exceto em lugares que parecem muito concorridos… no próprio site de cada wwoof eles falam quando precisam de mais voluntários, se estão procurando, etc.
      Acho que o prazo de resposta depende de quão conectados são os fazendeiros

    1. Carla, eu não sei o nome dessa fazenda na Índia! Fui lá levada por uma amiga. Mas dê uma olhada no WWOOF India, é a fazenda que fica em Dharamshala, perto de McLeod Ganj, na província de Himachal Pradesh 🙂 Espero ter ajudado!

  3. Oi estou super afim de conhecer tambem as fazendas organicas; e gostaria de saber se teve dificuldade para obter visto, eu por exemplo gostaria de ir para os EUA ou UK, é possivel tirar visto sem muitas dificuldades?

  4. Adorei o post!! Estou querendo muitooo fazer uma experiência do WWOOF na Suécia ou Noruega. Vc pode me falar qual é o nome da fazenda onde vc ficou na Noruega? Quero algo assim, bem pequeno! Obrigada! : ]

    1. livia.aguiar@gmail.com

      Oi Herbênia, que bom que curtiu o post!
      A fazenda que eu fui é a Hestmona, mas este ano entrei na base de dados do WWOOF Noruega e vi que eles não estão mais na listagem… ainda sim, há muitas fazendas em lugares isolados nesses dois países! Pesquise, converse com os responsáveis pelas fazendas, vá e depois conta pra mim como foi sua experiência!
      Abraços

  5. Pingback: Volta ao mundo |

    1. Marcella, é preciso ler com cuidado o perfil da fazenda, conversar com os empregadores, quem sabe até falar com outras pessoas que foram lá… essas precauções que a gente toma sempre, né? E ter a certeza de que, se não tiver legal, você pode simplesmente ir embora!

    1. Oi Ana! Não sei o nome, mas ela fica em Dharamshala, na província de Himachal Pradesh… se você achar uma fazenda nessa região no site do WWOOF Índia, é provável que seja a mesma!

  6. Pingback: Trabalho voluntário em uma fazenda orgânica na NoruegaEUSOUATOA

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