Petra! Fachadas deslumbrantes no meio do deserto

É noite. Um caminho no meio de ruínas de pedra gigantes é iluminado por velas. Sigo por ele e logo entro por uma fenda: um canion alto, que deixa ver apenas um pouco do céu estrelado entre suas curvas sedutoras. As velas tremem com o vento suave que sopra por ali. A rocha estala, contraindo-se depois de um dia tipicamente quente de primavera. Não faz frio na trilha, mas tampouco faz o calor da tarde.

 

De repente, o canion chega ao fim.

 

Uma portada imensa escavada na rocha à frente é iluminada por centenas de velas. Ela é enorme, detalhada, quase impossível. Outras pessoas ao meu redor soltam suspiros de exclamação quando percebem o que estado vendo. Sento-me na esteira à minha frente. Tomo chá de hortelã. Um homem, antes oculto pela escuridão, começa a tocar um instrumento que parece um violino. Ele canta uma canção triste, sofrida, uma canção do povo que hoje habita este deserto. Ele é seguido por outro que toca uma flauta em uma melodia mais alegre. Um fauno entre as velas, entre mim e o Tesouro.

 

Este é o espetáculo Petra by Night, realizado toda segunda, quarta e quinta no sítio arqueológico de Petra – Jordânia. E está foi a minha primeira impressão do Tesouro, a ruína mais importante do lugar.

 

O passeio/concerto noturno custa 12JD (dinar jordão – 1JD são 1 euro mais ou menos) e o ingresso diurno normal é 50JD por um dia, 55 por dois dias e 60 por três dias. Um dia e uma noite foi suficiente para ver tudo o que eu queria, mas aconselho a comprar um ingresso de dois dias pro caso de você querer voltar no dia seguinte – são 5JD a mais, 10% do valor de um novo ingresso de um dia.

 

Petra diurna

 

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Precisei de meio dia para percorrer tudo o que quis. A vantagem foi que eu cheguei já no meio do sítio arqueológico (mais sobre isso depois!), então a primeira coisa que fiz pela manhã foi subir os 300 degraus para ver o Monastério.

 

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Ele é uma construção BEM MAIOR que o famoso Tesouro, mas é menos artisticamente elaborado. Como quase tudo em Petra, o Monastério era uma tumba e vários rituais relativos à morte eram realizados na sua frente. São muitos degraus debaixo do sol, mas a subida vale a pena!

 

Além da portada em si, a vista lá de cima é impressionante. Vê-se as rochas antigas, onde homens das cavernas já viveram, a paisagem seca por onde tantas civilizações passaram em suas rotas de comércio, o mesmo clima que um dia Jesus, apóstolos, seguidores e inimigos sentiram, sem falar de Moisés e os profetas judeus todos. E Maomé.

 

Será que alguma delas é a montanha do ditado? Impossível não pensar todas essas coisas olhando para os arredores de Petra.

 

Descendo do Monastério, voltei à rua romana e perambulei por algumas das únicas ruínas que não foram escavadas da pedra – elas possuem mármore vindo da Turquia e granito vindo do Egito! Imagine o trabalho que foi trazer essas rochas pesadas!

 

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Soldados “nabateus” vigiando a rua romana

 

Subi um pouco para ver outras tumbas menores (não tenho muitas fotos) e depois rumei para o Tesouro – nosso encontro diurno :o)

Sério, é bonito demais!

 

 

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Depois voltei para a rua romana, subi um outro lugar íngreme e vi outras ruínas lá em cima. Não me lembro bem, mas era bonito.

Na volta, saí pelo canion e vi algumas cavernas e ruínas depois dele, antes de sair pela entrada principal de Petra.

 

O tempero do passeio

Honestamente, se essa tivesse sido a totalidade da minha experiência em Petra, eu teria me frustrado um pouco. Quer dizer, o lugar é bonito, mas não me tocou o coração tanto quanto Angkor, Bagan ou Machu Picchu.

 

[ aliás, um lado negativo desta viagem – já dizia meu amigo Fernando que também tá fazendo uma volta ao mundo de um ano – é que a gente vê tanta coisa incrível em pouco tempo que coisas incríveis pero no tanto ficam menos incríveis em comparação. E que não dá tempo de digerir tudo antes de ver a próxima coisa incrível. Vida ruim, né? hehe ]

 

Mas Petra foi e será para sempre um dos lugares mais especiais que visitei. Acontece que estava no ônibus indo para lá quando conheci uma mulher beduína que me convidou para dormir na casa dela!!!!

 

Bessame tem 30 anos, 5 filhos e está grávida de mais um. É seu segundo casamento e a família toda trabalha em Petra, vendendo souvenirs ou guiando burros e camelos pelo local. Fui amorosamente acolhida por essa família tão linda, que me deu casa, comida e histórias incríveis para contar depois!

 

[update: neste post]

 

Uma parte da família. Bessame está no centro! <3 Uma pena que a Mariane, à esquerda, não saiu bem na foto. Eu dormia na cama com ela e a gente virou bff

 

Aqui vai a receita do Magluba, um prato que significa literalmente “de cabeça para baixo”, que a Bessame me ensinou.

1 cebola picada em cubos

1 cabeça de alho com os dentes picados ao meio

1 pimentão picado em cubos

– refogar tudo em uma panela grande com um pouco de óleo.

1 frango inteiro em pedaços

– juntar à cebola, alho e pimentão e deixar corar um pouco. Adicionar 3 litros de água e 2 colheres de curry amarelo e deixar tudo ferver bem.

Enquanto isso…

3 batatas cortadas em tiras

4 beringelas cortadas em tiras (tamanho de um dedo mindinho)

– Fritar em fogo brando para que cozinhem por dentro. Separar em uma vasilha.

1 kg de arroz

1 xícara de macarrão bem fininho quebrado em pedaços pequenos (opcional)

– Colocar o arroz em água para inchar por meia hora e depois escorrer a água fora. Da panela do frango já cozido, retirar a água da panela e colocá-la em uma outra vasilha – NÃO A JOGUE FORA! Coloque as batatas e beringelas fritas sobre o frango e depois o arroz + macarrão picadinho. Depois cubra tudo com a água temperadinha de novo.

Cozinhar até a água secar. Quando estiver pronto, despeje tudo em uma (grande!) travessa.

Sirva com tomate e pepino picados e iogurte. Coma comunalmente com as mãos se você quiser ter uma experiência true beduína 🙂

4 comentários em “Petra! Fachadas deslumbrantes no meio do deserto”

  1. Pingback: O que mais há na Jordânia além de Petra?

  2. Pingback: Como conheci uma família de beduínos. Ou: O poder do SIM

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