Como funciona a passagem de volta ao mundo

Quando comecei a pensar na viagem, a primeira dúvida que tive foi: será melhor comprar as passagens de avião separadamente ou adquirir uma RTW (Round The World Ticket – ou “passagem de volta ao mundo”)?

Antes de colocar os prós e contras que passaram pela minha cabeça na hora de decidir o que era melhor pra mim, vou explicar o que é essa RTW.

O que é:
É um conjunto de passagens emitido por uma parceria de companhias aéreas que permite que você dê a volta no globo terrestre. Algumas regras são comuns a toda RTW: é preciso girar o mundo em apenas uma direção, cruzar o Atlântico e o Pacífico (sentido leste-oeste ou oeste-leste. Não tem como fazer Norte-Sul, hahaha), viajar por no mínimo 15 dias e no máximo 12 meses. O número de países também é limitado – um mínimo de 3 e um máximo de 16 trechos, dependendo de quem emite a passagem. É possível fazer trechos “terrestres” – tipo: eu tenho um voo de Budapeste a Estolcomo e depois meu próximo voo é de Londres a São Paulo. O trecho entre a Suécia e a Inglaterra será percorrido “à pé”. Vale dizer que esses trechos terrestres contam como “milhas percorridas” em linha reta entre os voos antes e depois.

Quem vende:
Existem três “pools” que fazem esse tipo de passagem atualmente: One WorldStar Alliance e Sky Team. As diferentes parcerias entre as companhias aéreas fazem com que um pool “se especialize” mais em uma região, então é bom ter uma noção de para onde se quer ir e pesquisar nos três para ver qual deles atende melhor os seus desejos de viagem. A TAM faz parte da Star Alliance e tem dado palestras sobre RTW para agentes de turismo brasileiros, então acho que em breve esse tipo de passagem vai ficar ainda mais popular por aqui.

Quanto custa?
Os valores de uma RTW variam de acordo com as milhas percorridas pela viagem. Se você sair de SP, for até o Canadá, descer até a Nova Zelândia, subir até a Rússia, descer até a África do Sul e subir pra Londes antes de voltar pra São Paulo (ou seja: fazer um zigue-zague pelo mundo), a sua passagem vai sair bem mais cara do que se você fizer uma linha mais “reta” pelo planeta. Mas a RTW é geralmente mais barata do que comprar cada passagem individualmente – ainda mais porque geralmente as passagens só “de ida” custam mais caro do que metade de uma de “ida e volta”.

Prós e contras
Sem dúvida, o grande “pró”da RTW é o preço. Farei a minha viagem pela One World e paguei US$4.100 por ela (taxas de embarque incluídas)!

A outra vantagem (pra mim) é que paga-se tudo de uma vez. É, não dá nem pra dividir em 6 vezes no cartão, mas pra mim isso é uma vantagem. Já tenho o dinheiro que usarei guardado na poupanda e, como não sei como estarei em termos de grana no final da viagem, é melhor já ter pelo menos as passagens compradas, hahaha. A minha estadia na Europa, último e mais caro continente que visitarei, será basicamente um grande trecho “terrestre”. Então, se acabar o dinheiro antes do planejado, a ideia é usar as últimas moedinhas pra chegar na Inglaterra e pegar meu voo de volta pra casa da minha mãe.

A maior desvantagem da RTW é o engessamento da viagem. Não dá pra voltar pra um continente pelo qual você já passou, não dá pra estender a viagem por mais de um ano e não dá pra evitar a regra de ter que cruzar os dois grandes oceanos, uma vez cada um. Com a OneWorld, pra mudar a rota de voos no meio do caminho a taxa é de 125 dólares (mas dá pra mudar apenas as datas dos voos de graça, com 7 dias de antecedência). Ou seja: se você tiver dinheiro e tempo para viajar mais livre, você não precisa da RTW.

Uma coisa que fiz para evitar um pouco esse engessamento foi reduzir o número de voos para os grandes centros aéreos dos lugares pelos quais vou passar. Quero ficar 3 meses no sudeste asiático, mas na minha RTW só consta Bangcoc – o resto farei de ônibus/trem/passagens aéreas em companhias low cost. O mesmo acontece na Índia, onde ficarei um mês e só tenho passagens pra Delhi. Já na Europa, como o Norte Europeu é uma prioridade e eu ainda não sei pra onde mais irei, voarei de Budapeste a Estolcomo e farei o resto da eurotrip “por conta”.

Como planejei minha RTW

O melhor jeito de escolher qual pool utilizar é brincando no site de planejamento de RTW de cada um deles. A saber: One World, Star Alliance e Sky Team.

Eu tinha alguns destinos prioritários (Índia, sudeste asiático, norte europeu), a época que eu queria viajar (começo em janeiro, então tinha que rodar o mundo sempre indo para o oeste para evitar invernos chatos e monções) e também uma restrição: nada de países com vistos chatos de tirar (e não tenho um dos EUA).

Fui me divertindo pelos mapinhas dos planejadores, incluindo e tirando países, até que meu roteiro estava completo e mais ou menos parecido nas três companhias. Levou a que me ofereceu a passagem mais barata, simples assim.

Há apenas um mês do embarque para esta viagem que deve durar 9 meses, a verdade é que ainda não planejei muito o que farei, que lugares visitarei, durante quanto tempo ficarei em cada lugar…

O fato de eu ter decidido viajar, de verdade, apenas há uma semana tem muito a ver com isso, claro. Mas ao mesmo tempo que é importante pesquisar bastante sobre cada país (e farei isso loucamente até embarcar), acho bom deixar as coisas meio “em aberto” para dar espaço à espontaneidade.

Se quiser, deixe-me uma dica de viagem nos comentários!

Os amigos do blog 360 meridianos também estão rodando o mundo com uma RTW. A viagem deles já começou, vale a pena conferir!

16 comentários em “Como funciona a passagem de volta ao mundo”

  1. Ai moça! Muito feliz por você – e com uma invejinha (da branca) de leve!

    Essa viagem será daquelas para contar para filhos e netos e para fazer inveja aos amiguinhos! hahahahahah

    O que mais gostei da história toda foi você ter deixado o espaço para a espontaneidade!
    Será incrível! E faço questão de acompanhar!

  2. Nossa, não tinha a menor ideia de que esse tipo de viagem existia (existe).

    Parabéns pelo post, especialmente pela riqueza de detalhes.

    Espero que tudo dê certo nesta viajem, e que possas ter boas histórias para contar aqui no blog, que acabei de clicar para seguir.

  3. A coisa mais sensacional do mundo é viajar de ônibus pela Índia (só que não). Mas realmente é melhor fazer alguns trechos por terra. Adorei seu roteiro. Temos muitos lugares em comum. Pena que circulamos o mundo no sentido inverso. =)

  4. Gente! Que MARA esse esquema… tb nem sabia que rolava uma combinação de passagens assim. Daí que fui brincar num desses sites e fiquei sem saber como se faz pra quebrar os trechos que serão percorridos por ar com os que serão feitos por terra. Tipo, como vc deixou marcado que vai percorrer a Europa por terra entre Estcolmo e Londres? No sudeste asiático vc vai tipo desembarcar em Bangcoc, rodar geral e depois voltar para Bangcoc pra embarcar de novo? Beijomeexplica?

    1. Lucas, no planejador da One World e no da Star Alliance, pra ir de terra tem um jeito de marcar o quadradinho/carrinho de “surface sector”. Via SkyTeam, acho que é só ligando pra agência mesmo, acho.
      No sudeste aisático vou usar Bangcoc como “hub” mesmo: os voos pro Mianmar e Laos saem de lá baratinhos via Air Asia (62 dólares ida e volta cada um)
      Se tiver outra dúvida, pergunte!

  5. Lívia, é por essas e outras que tenho orgulho de te conhecer! Em minha ultima viagem à Recife, li no museu do Brenand isso que o Carlos Pena Filho disse, me indentifiquei DEMAIS e agora te passo!

    “Lembra-te que afinal te resta a vida com tudo que é insolvente e provisório e de que ainda tens uma saída: entrar no acaso e amar o transitório”

    E viva o ACASO!!!

  6. Sensacional!! Fiquei com uma inveja das ótimas! Vá, viva, respire e nos conte tudo!
    Excelente notícia de uma excelente proposta!
    Bom demais!
    beijão, nandino

  7. Pingback: nhatinha.com | uma menina baiana » Blog Archive » ticket to ride

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