Dia dos Mortos no México tem festança no cemitério!

Pessoas nas ruas fantasiadas seguindo bandinhas pelas ruas da cidade. Muita bebida, alegria e fogos de artifício. Ruas enfeitadas, clima de festa permanente por cinco dias. Poderia ser o carnaval no Brasil, mas é o Dia dos Mortos no México, mais especificamente em Oaxaca, a sudoeste da Cidade do México.

 

Oaxaca é uma das cidades onde o Dia dos Mortos é mais tradicional, o feriado mais importante da cidade. Os rituais da data se misturam com o Halloween nos estados do norte do país, mas aqui no sul, especialmente nos vilarejos, as tradições indígenas são mais fortes. Em Oaxaca, zapotecos e mixtecos (os povos pré-hispânicos da região) ainda mantêm sua tradição e língua até hoje e vivem o Dia dos Mortos com muitas cores, bebidas e festa.

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Segundo a tradição, os mortos saem dos mundos onde vivem para o nosso às 3 da tarde do dia 1º e voltam às 3 da tarde do dia 2 de novembro. As almas das crianças vêm um dia antes: do 31 de outubro para 1º de novembro. Em 2014, porém, como dia 2 caiu num domingo, os mortos ficaram um dia a mais para festejar, voltando só na tarde do dia 3, segunda-feira. De 6 em 6 anos, vivemos um Dia dos Mortos que dura 2 noites – e eu tive a sorte de estar no México para essa data especial!

 

A celebração da morte remonta aos tempos pré-hispânicos. Para os povos indígenas destas terras a norte do Equador, a morte não é motivo para tristeza: os falecidos continuam por perto, em outros planos, e voltam uma vez por ano para estar com seus vivos. As pessoas erigem altares para seus mortos queridos – muitas vezes escolhendo apenas um para homenagear por vez.

 

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Nos altares, imagens de santos, flores (principalmente o cempasúchil, o cravo mexicano, amarelo e laranja), as comidas preferidas do morto e as bebidas também. Na madrugada dos dias 31, 1º e 2, os parentes vão até as tumbas de seus mortos e os enfeitam também com flores, comida, comida, bebidas, velas, imagens de santos e caveiras de açúcar. As flores predominam o ambiente com seu perfume e cor.

 

Os parentes se reúnem e passam a noite relembrando o morto querido: contam histórias sobre ele e para ele, bebem em sua homenagem e cantam. Há grupos de mariachis, bandas e violeiros oferecendo seus serviços no cemitério para executar as canções preferidas das almas que já se foram. E do lado de fora se arma uma feirinha grande de comidas e brinquedos de quermesse, como tiro-ao-alvo, pescaria e, no caso do cemitério central de Oaxaca, até mini roda-gigante.

 

Cheguei em Oaxaca na segunda-feira dia 27. A cidade já estava enfeitada com flores, caveiras e bandeirinhas de papel, com pão de morto à venda em todas as padarias, programação especial. A cidade estava cheia, mas chegaria à quase sua capacidade máxima no finde festivo (mais de 90% das acomodações estavam ocupadas!).

 

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De boas na tumba – escultura em papier marché em cima de uma tumba do Cemitério Central de Oaxaca

 

Ao longo da semana o Dia dos Mortos foi tomando conta das ruas: a partir do dia 29 começam a acontecer as comparsas (ou muerteadas), que são tipo bloquinhos de rua com música, gente fantasiada e fogos de artifício que percorrem a cidade. No centro de Oaxaca vi várias passando e segui outras tantas. Para encontra-las, basta apurar os ouvidos para escutar as bandas (e até um coral!) passando com muita gente atrás vestida de caveira (principalmente) e outros personagens do universo do terror (aí aparece um pouco do Halloween). Mas essa festa não dura a noite toda, é um esquenta para o que há de mais importante.

 

A partir do dia 31, ao avançar da noite, as pessoas se dirigem ao cemitério com suas famílias ou com os amigos, seja para visitar sua tumba ou farrear lá dentro e na feirinha. Ao passear pelos corredores, vemos as famílias contando casos, conversando, bebendo mezcal (que nos oferecem ao passarmos) ou apenas fazendo companhia à tumba de seu morto. Na cidade, também, os bares e baladas oferecem festas que duram até tarde – e depois se estendem nas casas dos amigos até tarde do dia seguinte.

 

Na noite do dia 31 fui à Xoxocotlán, um vilarejo próximo a Oaxaca (100 pesos o taxi, 200 ida e volta. Ele leva até 5 pessoas sem precisar negociar) e que tem a tradição do Dia dos Mortos mais viva do que a capital do estado de mesmo nome.

 

As tumbas eram menos ricas do que as do cemitério geral de Oaxaca, mas estavam mais enfeitadas e cheias de pessoas festejando com seus falecidos. Bebemos mezcal com um grupo de amigos, ouvimos mariachis, bandinhas, casos de família, comemos entre bêbados e crianças.

 

Vale muito a pena ir até Xoxotlán (ou outro povoado próximo a Oaxaca) para conhecer um cemitério com celebrações de Dia dos Mortos de verdad!

 

Na noite do dia 1º fiquei em Oaxaca, passando pelo cemitério para ver as velas enfileiradas das pessoas que não têm uma tumba no chão e sim na parede. Também estava havendo uma apresentação de teatro na praça central do cemitério (no Brasil eles têm praça central???) e uma projeção com mapping na praça do ex-convento de Santo Domingo. A cidade conta com uma universidade de artes bastante movimentada, então o novo se mistura com as ruínas e histórias antigas com uma facilidade e fluidez tremenda.

 

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Nas manhãs do dia 1º a cidade acorda de ressaca, mas depois do almoço começa a festa de novo até a manhã do dia 2 de novembro. Bom, e este ano e todos os que o dia 2 cai no domingo, continua mais uma vez (mas com menos força na cidade grande) até o dia 3. Quase não achei nada aberto no dia 2 – e olha que Oaxaca é uma cidade turística com festa todos os dias!

 

Segunda-feira a cidade voltou à vida devagar.

 

Pessoas me cumprimentavam nas ruas mesmo sem me conhecer. Existe uma certa simpatia geral, uma ressaca alegre de quem festejou muito por um bom motivo. Os altares continuam erigidos, mas já não há mais festa (por enquanto, porque os mexicanos, assim como os brasileiros, são loucos por festa). O pão de morto não está mais à venda. Agora é esperar pelo ano que vem.

 

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Minha experiência usando couchsurfing em Oaxaca
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Degustação de mezcal na mezcaleria In Situ, em Oaxaca

Mazunte, Oaxaca, um oásis relaxante na costa do Pacífico

 

Hospede-se em Oaxaca:

Hostel Azul Cielo

Posada del Xochitl

Hostel Cielo Rojo

Hotel Nacional

Parador San Fernando

 

 

5 comentários em “Dia dos Mortos no México tem festança no cemitério!”

  1. Pingback: Fotos tiradas durante o Dia dos Mortos em Oaxaca

  2. Adorei a publicação e todos os detalhes Lívia. Muito borigada! Estava querendo ir a muito tempo e talvez esse ano eu consiga. Agora tenho certeza que quero muito ir.!
    Queria uma dica. Eu vou poder ficar uma semana mais ou menos no Mexico (chego sexta dia 30 e tenho que voltar domingo dia 8). Você tem dicas de roteiros? Seria possível eu ir a Cancun também?

    Obrigada

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