Muita coisa! A Jordânia é um país pequenininho que pode ser percorrido quase todo, sem parar, em 6 horas de carro. Mas é a terra onde muitas coisas aconteceram desde a idade da pedra, passando pelos tempos bíblicos e chegando ao caldeirão ~oriente médio~ de hoje em dia.
Infelizmente, só fiquei uma semana na Jordânia, por isso não fui à costa com corais e ótimo snorkeling (dizem) de Aqaba. Nem fui ao deserto de Wadi Rum, que um amigo disse ser o mais bonito do mundo (e onde filmaram aquele filme Lawrence da Arábia).
Mas, em 7 dias, deu pra ir no Mar Morto, nas ruínas greco/romano/bizantinas de Jerash, nos castelos de Ajloun e Karak e nos mosaicos cristãos de Madaba. E deu tempo de curtir a vida noturna hispter de Amman! Viagem de sucesso, eu diria.
Como se locomover pela Jordânia
A melhor forma, em termos de conhecer pessoas (vide post anterior sobre Petra), é andar de ônibus e/ou pedir carona pela Jordânia. Aqui a carona muitas vezes é paga – é preciso negociar com o motorista – mas também é bem fácil e parte da cultura local. Como muitos carros são pick-ups, é fácil só jogar a mochila na parte de trás e se acomodar por lá mesmo. E não existem ônibus públicos que vão ao Mar Morto, é preciso ir até uma cidade próxima e colocar o dedo pra fora na estrada mesmo.
Para ir ao Mar Morto, além da opção “carona”, também é possível ir de taxi (70 JDs – +-70 euros – ida e volta de Amman!!!) ou alugando carro. Como fiz um amigo no hostel em Amman, alugar um carro não pareceu uma má ideia e foi isso o que fizemos. As estradas na Jordânia são super boas e bem sinalizadas – o mesmo não posso dizer sobre Amman, rodamos por 1h30 até conseguirmos sair da cidade pela rodovia certa!
Já os ônibus públicos intermunicipais são baratíssimos para o padrão de vida local. O mais caro custou 4 JD, de Petra a Amman, em 3h30! Só que é preciso ficar atento a quanto os outros passageiros estão pagando e entregar a mesma quantia. Um motorista desonesto me cobrou a mais em um ônibus e eu só percebi depois – tourist price…
Uma vez em Amman, é fácil ir a Jerash, Ajloun e Madaba apenas durante o dia e voltar à capital à tempo de curtir a vida noturna da cidade (que é ~movimentada~, se você pensar que é um país muçulmano).
Há quem também vá ao Mar Morto e volte no mesmo dia – são mais ou menos duas horas de carro! Mas o que eu fiz foi continuar descendo até Karak, em direção à Petra, e dormir perto do castelo de lá.
Madaba
Nos guias de viagem que li por aí, a recomendação era sair de Amman o mais rápido possível. E entrei no país com esse pensamento. Como Madaba é perto e parecia uma cidade interessante e calma, meu plano era chegar em Amman, almoçar e ir pra lá assim que possível, fazendo check-in de hotel fora da capital.
Bom, conheci o Vincent, um sulafricano que mora em Omã, no ônibus entre o aeroporto e Amman e ele me convenceu a fazer check-in na capital mesmo e ir a Madaba só para passear – escolha acertada! A cidade tem uns mosaicos legais, etc, mas é só. Vimos o mapa da Terra Santa mais antigo do mundo, que é um mosaico em uma das igrejas de Madaba, depois passeamos pela cidade, comemos e voltamos a Amman. Como meu voo foi às 4h da manhã de Nova Delhi, cheguei no hotel exausta e dormi até a manhã seguinte. O hotel que fiquei por duas noites se chama Abbasi Palace e tem uma equipe legal e prestativa. Porém o segundo hotel que fiquei, quando voltei de Petra, eu achei BEM melhor!
Amman
Anota aí: hotel Jordan Tower, em frente ao teatro romano. 10 JDs por noite em um dormitório limpíssimo com banheiro compartilhado, café da manhã gigante e delícia, donos muito legais, atmosfera tranquila e que favorece a interação entre os hóspedes.
Existem ruínas gregas, romanas e bizantinas a serem visitadas em Amman se você estiver no clima, mas o que é imperdível mesmo é a Rainbow Street.
Uma rua/região moderníssima de Amman, com bares, cafés, o primeiro cinema da cidade (que chama Rainbow, por isso o nome da rua), gente bonita e clima de azaração (ok, exagerei, hahaha).
O melhor dos barzinhos, na minha opinião, é o Books@Café, que é uma livraria no andar térreo e um café/bar bem hype no segundo andar. Tome arak (um destilado de anis do Oriente Médio que tem similares na Turquia – raki – e na Grécia – ouzo), coma nachos, use o wifi, curta a música e fume narguilê se você for desses – é impressionante como o moderno entra em choque com a tradição neste bar.
Ah, do lado do Books@Café fica uma sorveteria delícia, chamada Dorado Ice Cream.
Eles têm um sorvete não recomendável de pipoca, mas todos os outros são ótimos 🙂
Ajloun e Jerash
Pode achar as ruínas greco/romano/bizantinas de Jerash mais bonitas que as de Petra? Porque eu achei.
Claro, Petra tem o fator “uau, eles escavaram tudo isso na rocha! Como pode?!!?!?” e também o feito de ser um lugar único e grandioso e impressionante.
Mas as ruínas em Jerash contém mais detalhes e mais bem acabadas em termos artísticos. Sei lá, foram minhas primeiras ruínas gregas e os nabateus, que construíram Petra, pegaram inspiração de gregos, romanos, egípcios e etc para fazer as próprias construções.
Nesta manhã, pegamos um ônibus cedinho a Ajloun, vimos o castelo (não precisa de mais que 2 horas) e descemos a Jerash, onde passamos o resto do dia passeando entre as ruínas e imaginando as pessoas que viveram naquele lugar.
Ah, existe um “show romano” no hipódromo de Jerash que vale a pena assistir. Eles reencenam uma corrida de bigas, algumas batalhas de gladiadores e demonstram formações militares romanas. Se não quiser pagar os 8JD a mais pela encenação, dá pra assistir quase tudo da lateral do hipódromo, eu acho… (mas eu paguei!)
Mar Morto
Dirigimos de Amman ao Mar Morto em apenas 2 horas. Foi um trajeto agradabilíssimo, principalmente quando chegamos à orla do mar e ficamos observando a paisagem com Israel do outro lado.
O ponto mais baixo do Planeta Terra é abafado, como seria de se esperar. O mar é LINDO! A gente flutua mesmo na água e o sal tem um gosto horrível (sim, eu provei apesar de não recomendar isso a NINGUÉM, deve ser tóxico – mas não morri).
Eu fui a um trecho do mar onde não há hotéis e resorts, para não ter que pagar pela flutuadinha. Levei 6 litros de água doce para lavar o corpo depois e mesmo assim fui até umas águas termais que estão bem perto desse trecho grátis do Mar Morto para terminar de lavar a salmoura.
Este trecho grátis e as termas grátis têm um problema: são bem sujos, com pedaços de plástico e até mesmo vidro. Muito lixo nas margens do mar, MUITO mais lixo ainda nas águas termais que ficam próximas.
Mas o mar é o mesmo que o caro dos resorts uma vez que você entra na água e basta ignorar o lixo das termas e ficar debaixo da mini cachoeira de água quente para lavar o sal e sair fora. Definitivamente não dá pra ficar relaxando nessas termas, mas… paciência. Outra opção é pagar bem caro, fiz minha escolha.
Sobre a sensação de flutuar, só o vídeo mesmo!
Nadei de roupa porque é a Jordânia (muçulmanos!) e não quis desrespeitar as regras de etiqueta do local – havia um grupo de homens nadando ao nosso lado. Gente legal que foi conosco até as termas depois.
Um detalhe: a água é muito ESTRANHA. É meio oleosa, tem uma textura bizarra. Definitivamente não dá pra ficar o dia todo ali curtindo ler o jornal de domingo.
Karak
Continuando a viagem de carro a partir do Mar Morto, pegamos a estrada para Karak.
Há um castelo ENORME lá, construído pelos cruzados e depois ocupado por islâmicos.
Houve um momento sorte grande: chegamos às 17h30 e o castelo fechava às 17h. Mas um cara que conhecemos na praça e que era MUITO simpático disse “ah, eu conheço o policial, ele deixa vocês entrarem se eu pedir” e pronto. Tivemos o castelo todo só pra nós, zero turistas! Dormi em Karak e meu amigo Vincent dirigiu de volta a Amman para pegar um voo de volta a Omã. No dia seguinte, peguei sozinha o ônibus a Petra e a história eu já contei no post anterior 🙂
Post-scriptum
Um minuto de silêncio pelo meu lenço árabe que esqueci no banheiro do aeroporto de Amman quando estava indo pra Istambul. Snif. Passamos bons momentos juntos!
as fotos estão incríveis, o retrato do cara no castelo especialmente!
Olá! Foi fácil pegar o ônibus de Karak para Petra ? Tudo tranquilo ? Foi Barato ?
Oi Pablo, foi bem tranquilo pegar o ônibus, mas existem poucos por dia, quando chegar a Karak tente se informar dos horários! Acredito que é o jeito mais barato de chegar a Petra de Karak, a não ser que você alugue um carro com várias pessoas 🙂