Cães para adoção no Parque México, no bairro Condesa da Cidade do México.
Pequenos, médios, grandes, enormes.
Os cachorros de todos os tamanhos e raças habitam a Cidade do México. Uma cidade dos cachorros, muitos deles bem cuidados passeando felizes com seus donos pelas praças e parques. Animais de estimação são comuns por todo lado, é claro, mas aqui a quantidade de cachorros chama a atenção! E não só os pequenininhos de apartamento, como se deveria esperar de uma cidade de espaços apertados: os cães de grande porte como golden retrievers, dobermanns e rottweilers cheiram-se amigavelmente pelas ruas na companhia de outros ainda maiores, como os imensos bloodhounds (raça do ScoobyDoo) e sheepdogs, a raça da Priscila da TV Colosso. E os vira-latas de todas as misturas, claro.
Todos, imagino, vivem em apartamentos ou casas de poucos cômodos, pois a cidade é grande e precisa comportar muita gente. A questão aqui não é que os apartamentos sejam maiores, que os cachorros sejam melhor treinados ou coisa do tipo: é que eles são bem aceitos em muitos lugares. Não tem essa de “não se permitem cachorros” nos apartamentos, pois quase todo mundo tem um.
Há restaurantes “pet friendly” e outros que não permitem que se entre com ele mas estimulam alegremente que fiquem descansando nas mesas externas. Há estabelecimentos que põem uma tigela de água na porta para indicar que os pequenos (e grandes) são bem vindos.
Aos sábados e domingos as praças ficam cheios de cachorros brincando com seus donos por horas, eventos especiais para cães são promovidos por pet-shops e tem até food truck de comida gourmet de cachorro (sim, isso é real!). As manhãs e fins de tarde dos dias de semana são as horas de passear com os cães, uma atividade social como diversas outras. Essa aceitação geral permite que essas espécies de grande porte sejam comuns: as pessoas não têm medo deles. A simpatia é quase unânime.
Uma consequência curiosa à quantidade de cães à solta é a baixa incidência de gatos. Eu, em quase um mês na Cidade do México, só vi 2 gatinhos na rua, à noite. DOIS GATOS! Imagine isso no Brasil? Não tem gato de rua e não tem gato de casa (talvez estejam fechados em seus apartamentos, soberanos do local). E olha que tenho procurado bastante para ter certeza de que eles não estão mesmo por aqui.
Essa ligação com os caninos não é nova: os xoloitzcuintles são uma raça nativa do México e criados como companhia e guardiães desde muito antes dos espanhois aportarem essas terras. Os Xolos são uma das raças de cachorros sem pelos: eles só têm uma penugenzinha na cabeça e outra na ponta do rabo. Podem ter tamanho mini, pequeno e médio e um cachorrinho desses pode chegar a custar 2 mil dólares! Alguns nascem com pelos, mas podem gerar filhotes sem pelos normalmente se cruzados com um xolo sem pelo.
A domesticação dessa raça existe há mais de 3 mil anos! Para os mexicas (também conhecidos como aztecas), toda alma humana precisa de um xoloitzcuintle para chegar ao Mictlán (reino dos mortos), pois eles são os únicos capazes de ajudar a cruzar o rio Apanohuáyan, que fica no meio do caminho entre o nosso mundo e o dos mortos. Eles quase entraram em extinção por serem considerados feios em detrimento dos cachorros peludos, até que foram “resgatados” na segunda metade do século XX. Estranhos à primeira vista, hoje em dia já os acho bem simpáticos. Não vi muitos, mas seus donos os levam com orgulho. É um sinal da afirmação da cultura mexicana. Frida Khalo e Diego Rivera tiveram um xolo de estimação (entre muitos outros animais, como macacos e pássaros).
Com ou sem pelo, aqui na Cidade do México eles são mesmo os melhores amigos do homem, na vida e na morte!
Hospede-se na Cidade do México
Pra mim, o melhor bairro pra se hospedar: perto do metrô, do metrobus (BRT) e de diversos bares e restaurantes
Hostel 333 – o hostel onde trabalhei na Cidade do México. Excelente localização, preços baixos, festas no terraço.
Hostel Home – hostel parceiro do Hostel 333 – mais calmo e com excelente wifi, hehe.
Opções no Centro Histórico:
Hostel Mundo Joven