Navegar é Preciso – cruzeiro literário pelo Rio Negro, Amazônia

Em abril de 2013, minha amiga Giovana Suzin me acordou de manhã com a mensagem: “Lí, tá tendo um concurso pra ganhar um cruzeiro literário pra Amazônia! Vamos participar?” 

 

Escrevi uma frase, fui selecionada e foi assim que ganhei uma viagem totalmente grátis pra Amazônia!!

 

Moral da história: participem dos concursos culturais que existem por aí. Não custa nada além de um pouco de tempo – e quem sabe eles te escolhem?

Cruzeiro all inclusive não é exatamente a minha vibe, nem a vibe deste blog, mas vou mostrar as fotos dos passeios pra vocês e quem sabe elas não inspiram a fazer uma viagem para o Rio Negro na Amazônia – seja à bordo do Cruzeiro Iberostar ou numa viagem independente (sim, é possível! E eu vou voltar lá por minha conta um dia pra provar 😉 ).

 

O cruzeiro literário Navegar é Preciso

A viagem Navegar é Preciso é um cruzeiro literário promovido pela Livraria da Vila (SP) em correalização com a agência Aurora Eco. Ele é realizado no grandioso Navio Cruzeiro Iberostar Grand Amazon, numa viagem que dura 5 dias, 4 noites no barco e uma tarde em Manaus.

 

A rota do cruzeiro Navegar é Preciso é a mesma do trajeto Rio Negro que está aí no link do booking, que dura 4 noites e que tem tudo incluído (comidas, bebidas, passeios). A diferença do trajeto semanal do cruzeiro (que você pode contratar aqui) e o Navegar é Preciso é que, além do itinerário normal do Grand Amazon, ainda estão programadas palestras incríveis com escritores consagrados.

 

O cruzeiro funciona tipo um reality show com os escritores, porque eles ficam hospedados no barco como hóspedes normais, então os participantes acabam interagindo mais com eles – nada da barreira de “famoso”. No cruzeiro que fui, participaram Xico Sá, Frei Betto, Affonso Romano de Sant’annaMarina Colasanti e Cadão Volpato, que ia atuar apenas como mediador, mas acabou ganhando uma palestra para si porque o escritor chileno Alejandro Zambra também iria, mas ficou doente (LÁGRIMAS ETERNAS).

 

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Foi no cruzeiro que aprendi que Xico Sá não desiste nunca de um xaveco, que Frei Betto curte beber uísque e fumar um charuto no fim do dia, que Cadão Volpato adora jogar futebol e que o casal Affonso e Marina são avós muito fofos! Isso fora o que aprendi ouvindo as palestras, que trataram sobre processo criativo, mercado literário, as alegrias e dificuldades de ser escritor, a trajetória de Frei Betto durante a ditadura militar, a amizade de Marina com Clarice Lispector… Ouvir Marina Colasanti ler seus textos foi PODEROSO.

 

 

O incrível Projeto Coisa Fina, que pretende resgatar a obra de Moacir Santos, foi o grupo musical convidado para animar as noites no cruzeiro.

 

Ouça um pouquinho da mágica que esses moços fazem enquanto lê o resto do post:

 

 

A Amazônia

Bom, fora a parte literária inesquecível e irrepetível, temos também o cruzeiro regular do Iberostar Grand Amazon, que foi maravilhoso! Essa foi uma viagem realmente enriquecedora em todos os sentidos!

 

Chegamos em Manaus, almoçamos em um restaurante gostosinho (não lembro onde e não era uma comida tão memorável assim) e já fomos pro porto embarcar no nosso ~navio cruzeiro~ Iberostar Grand Amazon.

 

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O tamaninho do navio cruzeiro, hehe

 

Fizemos check-in e fomos pro quarto, uma suíte de duas camas super macias e confortáveis (não tirei foto) com uma varandinha ótima para sentar e descansar a vista no final do dia, olhando pra escuridão da floresta.

 

Se engana quem acha que as noites são silenciosas! A floresta amazônica é MUITO BARULHENTA à noite! Sapos, grilos e mil bichos não identificados estão muito ativos pela mata! Não achei ruim, é um barulho constante e muito agradável, bem diferente dos ônibus passando correndo ruidosíssimos pela minha rua.

 

Viajar pelo Rio Negro tem suas vantagens e desvantagens em relação ao Rio Solimões. A principal vantagem é que suas águas pretas, muito ácidas, não são muito ideais para proliferação de mosquitos! Eu não tive quase nenhuma picada durante o tempo todo que estive lá! Aliás, sou muito mais picada aqui em BH mesmo, hahaha. A desvantagem é que não são só os mosquitos que preferem as águas barrentas e cheias de nutrientes do Solimões: há muito menos vida selvagem na bacia do Rio Negro do que no outro. Ainda sim, vimos muitos macacos, uma preguiça lá de longe, botos cor-de-rosa, jacarés, sapos e até uma (quem sabe) onça ao longe.

 

Entre uma palestra e outra, tínhamos os dias ocupados por muitas atividades amazônicas.

 

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Fomos andar de barco pelos igapós, trechos de floresta inundada. Os guias pedem silêncio absoluto para entrar na floresta, parece que estamos entrando em um reino mágico e sagrado (e realmente é). Não vimos muitos animais, mas as árvores eram impressionantes!

 

Porque a floresta está inundada, é possível penetrar bem pra dentro e chegar perto de árvores que seriam inacessíveis se estivéssemos fazendo uma trilha na época da seca.

 

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Um dos dias mais esperados por mim era o que iríamos ver os botos cor-de-rosa em Novo Airão.

 

Eles vêm se alimentar todos os dias em alguns locais flutuantes que são controlados pelo iCMBio (para garantir que os botos não estão sendo explorados). Há um trabalho intenso com a comunidade para ensinar que esses bichinhos fofos devem ser preservados. Tradições ribeirinhas pregam a caça do boto para fins “medicinais”, mas a prática é ilegal e predatória!

 

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Ainda que eles sejam muito dóceis não é permitido nadar com os botos nos flutuantes. Pode entrar na água até a metade do corpo, num degrau da plataforma de alimentação. Preferi ficar à margem mesmo e deixar esses bichinhos selvagens com seu espaço.

 

Nessa foto dá pra ver como as águas do Rio Negro são mesmo NEGRAS. Os botos não são domesticados e estão livres pelo Rio Negro. Eles vêm às plataformas para se alimentar por hábito mesmo.

 

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Num outro dia da viagem, fomos a uma organização indígena onde funciona uma casa de farinha (aprendemos como se tira o veneno da mandioca brava) e também uma lojinha de artesanato local. Os guias nos mostraram frutas típicas da amazônia e acabamos por encontrar uma cobra que quis dar seu alô! Frei Betto não teve medo e posou com a cobra para essa foto. Pouco depois, ela deu uma mordidinha de leve na mão dele e saiu espevitada pra mata – ela não era venenosa e não houve problemas.

 

Choveu bem pouco durante nossa estadia no Rio Negro. Ainda bem! Gostei de ter viajado no final de abril/começo de maio para a região e tenho vontade de voltar mais ou menos nessa época.

 

Numa noite, fomos passear de barco para ver jacarés (muito fofos, não tive nenhum medo) e tentamos ver outros animais noturnos. O guia conseguiu capturar um jacarézinho filhote e até o segurei com a mão (com muito cuidado para não deixar seu pescoço livre e perder um dedo na brincadeira).

 

Achamos que vimos uma onça de longe, mas tão de longe que não deu pra confirmar…!

 

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Num dos dias, chegamos a uma parte mais alta da região e pudemos fazer uma caminhada pela floresta. As árvores dessa parte da caminhada eram bem menores do que as que cruzamos pelos igapós, mas vimos muitos insetos interessantes, plantas medicinais e plantações de abacaxí às margens do rio, mantidas pelos ribeirinhos.

 

De volta a Manaus, fizemos check-in num hotel só para passar a tarde. Claro que não ficamos no quarto: foi o tempo contado para irmos conhecer o Teatro Amazonas, a principal atração da capital amazonense:

 

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Ele é de uma grandiosidade impressionante!!

 

Também conseguimos ir até o mercado à beira do rio em Manaus, mas, tendo ido ao Ver-o-peso em Belém deu até dó daquele mercadinho pequeno e com muitas bancas fechadas… talvez tenhamos ido na hora errada para conhecer a região. Era de tarde e o calor que passamos não está escrito… Ficar na cidade longe do rio e sem poder mergulhar pra refrescar é praticamente impossível!

 

Depois desse passeio, só nos restou pegar o avião de volta pra SP… Ai, que vontade de voltar pra Amazônia!

 

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Eu e Gi, companheiras de vibes amazônicas

 

O Navegar é Preciso é promovido pela Livraria da Vila, em SP, em parceria com a agência de viagens Aurora Eco (que é bem legal!). A viagem é sempre perto do feriado do 1º de maio e as inscrições pra viagem de 2016 já estão abertas! Quem sabe não rola um concurso cultural em breve e você também ganha a viagem?

 

Se interessou no cruzeiro sem a parte literária? Aí tá fácil, reserve a sua viagem aqui.

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