Viajar à Ásia pela primeira vez é literalmente um choque cultural. Não importa a quantidade de restaurantes chineses você já foi no Brasil, a comida pros lados de lá é totalmente diferente, assim como os cheiros, hábitos culturais, maneiras de se relacionar, senso estético, meios de transporte… é preciso ir de coração aberto e sentidos apurados!
Este email de viagem foi escrito por Raissa Matos, psicóloga, que viaja sempre muito animada pra comer de tudo (o que é muito importante para explorar os sabores da China!). “Geralmente minhas viagens são marcadas pelo fator amor: alguém que eu gosto tá indo/morando em algum canto e eu decido ir junto. Tiro fotos igual uma maluca, vejo com as mãos (minha mãe tentou me fazer parar, não rolou), tagarelo um bocado com todo mundo. Basicamente, faço nas viagens o que faço em qualquer lugar, mas com maior dedicação.”
Raissa viajou para a China com duas amigas, Daniela Matta Machado e Renata Fonseca Brandão (a Raissa é a do meio na foto acima, à direita está a Renata e a Dani à esquerda). Foi a primeira vez das três em um país asiático! Elas chegaram por Hong Kong, onde passaram o Reveióm, seguindo viagem para Xangai e Pequim. Neste post, você vai ler sobre suas aventuras na China Continental (Hong Kong é uma região separada, assim como Macau). Leia posts sobre Hong Kong aqui!
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Amigas soltas pela China
Ir pra China foi uma doidera. É incrível como a gente se surpreende ao ir pra um lugar em que o inglês não nos salva – e lá não salva mesmo. Você constantemente não sabe o que está comendo, nem pra onde está indo, e pra isso contamos com a galera dos hotéis pra escrever os nomes pra gente, em papelzinho mesmo, e aí saíamos mostrando o danado até chegar.
Nos restaurantes, geralmente tem uma pessoa que entende beeeeem mais ou menos alguma coisa de inglês, e aí ela atendia a gente. Sempre rindo muito – até agora não sei se era da gente, com a gente, sei lá. Na dúvida a gente ria junto. E como eles não têm uma língua só, as vezes a gente achava que tinha aprendido a falar algo,’obrigada’, por exemplo, e percebíamos que a pessoa em questão nos corrigia, tipo “aqui não é xiè xiè, é ‘tal coisa’. Bom, desistimos e nos jogamos na mímica.
Eu tava animadona, achando que ia me acabar em comidas típicas (apesar de ter recebido alertas importantes, né Lívia?). Não.
Você não consegue entender o que são as comidas em nenhum nível: o nome, impossível, a explicação de quem está vendendo, impossível, o visual, muito difícil, e, por último, a comida não tem cheiro de comida. Infelizmente, devo admitir que o cheiro pra mim era ruim mesmo, a ponto de me causar repulsa vez ou outra.
E eu sou muito coração (e demais tripas) aberto para comida. Não rolou mesmo. Passei a viagem a base de dumplings, de alguns noodles, e comidas mais ocidentalizadas. Não é, mesmo, uma viagem gastronômica. Ah, os restaurantes fecham cedo, se você não fez seu pedido até as 22h, pode desistir e ir comer num Mc Donald’s 🙁
Muitas carnes não-identificadas no espeto
Fazer xixi também não foi fácil. Os banheiros são geralmente localizados nas saídas de emergência dos lugares – sempre longe do ‘centro’ do estabelecimento, e inclusive vários lugares nem têm banheiro.
Quando você acha o danado do banheiro, 90% de chance de só ter vasos daqueles enterrados, e aí é preciso fazer uma pose intrigante pra fazer as coisas cairem no lugar certo. Feito isso, você precisa pegar o papel higiênico que levou em sua bolsinha para suas higienes, porque lá não tem, na graaande maioria dos banheiros.
Todo mundo pede pra tirar foto com a gente. Parece que é comum, alguns sites falam sobre isso, mas é mega surpreendente. Fora algumas pessoas que tiram fotos escondido. É bizarro, mas realmente não se vê muitos ocidentais por lá – acho que, por termos ido durante o inverno, não era um momento de super turismo. Eles deviam achar a gente bem esquisita, certamente.
Achei a galera bem amistosa no geral, menos em Pequim. Lá os taxistas pareciam nos odiar profundamente, e as pessoas de modo geral não estavam muito dispostas nem a ler nosso papelzinho pra ajudar a chegar nos lugares. Mais uma vez, ponto pro Alvim, o guia que contratamos em Pequim.
Tive resistência com a ideia do guia para passear por Pequim, mas foi ótimo. É difícil se locomover por lá, e, a não ser que você vá para ficar muitos dias, é preciso agilidade para não perder as coisas essenciais e muito legais. Ele dá informações de todos os tipos e realmente acho que nos deu dicas legais de restaurantes e feirinhas pela cidade, sobre as quais não tínhamos nem ouvido falar.
Para compras, em geral é muito importante não acreditar no preço da etiqueta. Parece que a barganha é bem cultural, e se você pergunta o preço e vai embora, o vendedor te persegue com a calculadora na mão, pra você colocar o seu preço, aí ele vai e coloca um pouco a mais, e assim vai até um acordo. Comprei um casaco cujo preço começou em 1000 e foi comigo por 200. É assim mesmo.
Roteiro de viagem: Xangai e Pequim em 8 dias de intensa atividade!
Xangai
Dia 1: Chegamos de Hong Kong à noite e fomos jantar no Lost Heaven – restaurante lindo de comida tailandesa/vietnamita/gostoso demais e com o preço bem ok.
Raíssa dando close no The Bund
Dia 2: Pegamos a balsa (baratinha) e fomos para o “lado antigo” da cidade: você já desce numa avenidona, The Bund (foto acima), cheia de predios lindos, muita movimentaçao de turistas e também de locais – pelo menos acho que a galerinha fazendo tai chi deve ser de lá.
Andamos muito, várias praças e ruazinhas bonitas. Nosso destino era o Yu Garden e fomos a pé até lá. Toda a região que o cerca é digna de nota: várias lojinhas com cacarecos de todos os tipos e comidas estranhas. Chegando ao Yu Garden, tudo lindo. São 30 yuans pra entrar. A gente nem sabia bem o que era e ficamos surpresas ao ver que dava pra ficar la o dia todo. Ele parece um labirinto de belezas surpreendentes. Fomos almocar/jantar em um restaurante mais chiquezinho, a comida nem era muito legal, mas era num prédio bem na beira do rio e a vista era muito bonita – dizem que no mesmo prédio tem uns restaurantes melhores, mas pelo horário só rolou esse.
Fomos passear depois numa rua cheia de lojas de todos os tipos, Najing Road, que é bem famosa, bem cheia. Tivemos por alguns momentos a ilusão de que iríamos pra balada nesse dia, só que não, estávamos cansadas.
dia 3: fomos pro Zhujiajiao, parte bem antiga, que fica a uma hora do centro. Tudo lindo, tem uns que falam que é a Veneza do oriente, porque tem umas pontes fofas e canais, mas não acho que a comparação faz muito sentido – sei lá, nunca fui pra Veneza. Um passeio legal pra se fazer com um guia, porque ele vai contando uma série de curiosidades bacanas. A gente não contratou um, mas o motorista que nos levou era muito bonzinho e quis guiar a gente 🙂
Na volta, fomos ao supermercado, comprei mil miojos.
dia 4: Andamos um pouco na parte nova, Pudong, é que onde estávamos hospedadas. Prédios novos, alguns bonitos e todos gigantes, aquela história. Fomos embora querendo ficar mais uns 3 dias, pelo menos!
Pequim
dia 1: Muralha! contratamos um guia fofo, o Alvim, que nos levou de carro até uma região (Mutianyu section) que é mais vazia do que as que o ônibus deixaria. O passeio é sensacional, a história da muralha é muito bacana, é tudo lindo.
Depois, comemos no melhor restaurante de dumpligs da cidade, o Family Union Dumplin Restaurant (nome em chinês “tuantuanyuanyuan”) go lugar é tão roots que o cardápio é escrito a mão. Dumpligs maravilhosos.
Depois, uma feirinha fofa na qual vimos os escorpiões no palito e demais esquisitices, a Beijing Night Market, que fica numa rua bem movimentada chamada Wangfujing.
dia 2: Lama Temple, cercado por uma praça linda, tem vários templos dentro do danado, é muito legal.
Construção linda que é parte do Lama Temple
Na praça ocorre uma inacreditável reunião (nao sei como chamar isso) em que os pais levam verdadeiros curriculos de seus filhos, colocam a sua frente, e outros pais vao passando e avaliando. Se gostam do que vêem, os pais conversam e marcam um encontro pros filhos. Segundo nosso guia, é 50% de chance de sair casório daí!
Bizarrices a parte, os velhinhos (só aposentados frequentam a praça, segundo o Alvim os jovens não tem tempo pra isso) ficam na praça fazendo aulas de dança, jogando xadrez, tagarelando, cantando em homenagem ao Mao… parecem estar curtindo.
Velhinhos jogando um jogo misterioso na praça do Lama Temple
Depois fomos ao Summer Palace, e que arrependimento de nao ter reservado um dia todo pra ele!
O Summer Palace é gigante e muito, muito bonito!
É maravilhoso demais da conta. Vale dizer que foi o lugar em que passamos mais frio, apesar de muito agasalhadas.
Jantei o famoso pato, num restaurante chamado Made in China, tava muito gostoso.
O famoso Pato de Pequim no restaurante Made in China
dia 3: Passeio pela Cidade Proibida, bem impressionante tambem. A arquitetura é maravilhosa e o legal de ir com guia é que tem um tanto de simbologias em tudo, que sem ele não perceberíamos: a repetição do numero 9 em diversas organizações do espaço, a cor vermelha, uns degrauzoes altos na entrada de certos cômodos, os bichinhos empoleirados nos telhados… tudo tem motivo pra estar ali, e o motivo, simplificando ocidentalmente, era proteger o imperador.
Depois fomos aoTemple of Heaven e tudo lindo como em todos os cantos. Os templos são lindos, cheios de curiosidades, e no fim deste tem um Budão de tipo 20m, peça de madeira única, realmente impressionante.
dia 4: Foi uma correria do cacete, quase perdemos nosso avião, mas ainda assim fomos ao Pearl Market ver cacarecos de todos os tipos e a um shopping que chama Silk Market mas que só interessa mesmo a quem ta afim de bolsas caras. Por ultimo, fomos ao Qian’namen Street, um mercado de rua que nos disseram ser muito mais legal a noite – fica pra próxima 😉
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