Estrada 13, principal via no centro do Laos. Ê, que delícia!
São mais de 800 km de estrada asfaltada boa que saem da capital, Vientiane, quase em linha reta até a fronteira do Laos com o Camboja. Muitos turistas sem tempo (ou interesse) fazem o percurso de uma sentada só: 20h otimistas até o paraíso relaxante das 4 mil ilhas. Mas isso, além de ser masoquismo, significa perder o que eu acho que é o melhor do Laos.
Como percorrer a estrada
O jeito mais fácil de viajar pela 13 é de sangthew, uma espécie de caminhonete grande com bancos atrás.
As vantagens desse tipo de transporte são:
1- Você acaba por conhecer toda a galera que está no veículo e tem a chance de trocar ideia com laosianos mesmo que eles não falem uma palavra em um idioma que você conheça.
2- Você vê bem a paisagem em volta, sempre com o cabelo ao vento.
3- As paradas para um lanche ou banheiro são facilmente conseguidas e podem ser.. ahm.. interessantes.
4- Existem sangthews para todas as partes, já que é o transporte normal do Laos.
Desvantagens:
1- Você pode dar azar e pegar um sangthew que está levando todos os legumes do mundo para um vilarejo.
É como diz um velho ditado laosiano: “sempre tem espaço pra mais uma melancia no chão do busú”. Sério.
2- Depois de algumas horas, você definitivamente vai precisar de uma massagem na bunda.
Meu último sangthew no país foi o mais lotado, o mais local, o mais incrível que peguei.
Fiz um vídeo pra mostrar a vibe do transporte.
Nota: depois do vídeo, entraram mais 4 senhoras e 53148789 melancias – e todo mundo fez caber!
Também viajei com ônibus público pela rota 13. Outras experiências memoráveis. Fiz este vídeo em um deles:
No outro que tomei os bancos eram daqueles antigos que não reclinam e são inteiriços. Dormi apoiada no banco da frente e quando acordei havia 4 pessoas compartilhando o meu banco. E uma velhinha de mais de 80 anos sentada sobre sacos de arroz no corredor fumando um cigarro. Saúde é isso aí.
O que ver ao longo da Rota 13:
Se você se sente à vontade em uma moto, existem diversos desvios que podem ser feitos entrando pro interior do país. Como eu não sou dessas, conto o que fiz a bordo de sangthews (lotados ou não).
Elefantes?
A menos de 30 km de Vientiane existe um vilarejo chamado Ban Na, onde é possível fazer um trekking por uma reserva nacional onde vivem elefantes selvagens. Não vi nenhum, mas o trekking em si foi bastante legal. Comi formigas, nadei num rio com búfalos, dormi na torre de observação de elefantes, dei muita risada com meus novos amigos, Ingrid, Edu e Mikael.
Também tive a ótima experiência do “homestay”, quando você dorme e faz as refeições na casa de uma família da região. O chuveiro era na verdade uma bilha d’água gigante com um balde para você se molhar à vontade, mas fora isso (e talvez também por isso), pude ter a ideia do que é o verdadeiro Laos.
Além disso, quando você anda por uma cidade que não recebe muitos turistas, todo mundo te cumprimenta. Sabai dee (oi!) pra lá, sabai dee pra cá e você se sente a pessoa mais popular e amada do mundo.
Natureza 1 x 0 humanidade
O grande highlight da minha viagem inteira até agora foi a caverna de Kong Lo.
Situada meio longe da 13, eu, Ingrid e Mikael tivemos que tomar 3 sangthews até o destino final: o povoado de Kong Lo. Este lugar ainda precisa ser descoberto por escaladores, pois tem umas paredes incríveis!
Porém a atração principal é a caverna de 7 quilômetros de comprimento que é trespassada por um rio. Que estalactites! Que imensidão vazia! Que bela sensação é a de chegar ao outro lado da caverna!
(um minuto de silêncio em luto ao vídeo que fiz na caverna, mas deletei sem querer)
O povoado em si também e uma tranquilidade sem igual.
As pessoas são amáveis, o céu contém todas as estrelas possíveis à noite e a lagoa do lado de fora da caverna é muito refrescante (nadei com uns monges noviços que estavam por ali!).
Enfim, definitivamente um lugar que vale o esforço. Alguns amigos fizeram um desvio de moto pela região, a rota se chama Boulaven Plateau – deve ser sensacional.
Cidades “grandes”
O centro e o sul do Laos são partes bem mais ricas que o norte. Descendo a 13, passei por Savannakhet e por Pakse. Nada muito digno de nota, mas são bons lugares pra dormir antes de seguir viagem e usar a internet, rs.
4, 40, 400 mil ilhas
Finalmente, na fronteira com o Camboja, está uma região de ilhas de água doce formadas pelo rio Mekong. São um lugar para achar uma rede para chamar de minha nêga, um bom ponto de observação do pôr do sol e deixar-se levar pelo ritmo da natureza ao seu redor.
Existem algumas cachoeiras na região e a outra grande atração são os golfinhos de água doce do Irrawaddy (que são cinzas e fazem aparições frequentes).
Passei o Laos inteiro com nojo do Mekong só pra me banhar nele justo no ponto mais baixo da sua presença no país. Mas tudo bem, a vida é bela e o Camboja, com seus templos em ruínas, está logo ali.
E esta carinha de saúde que voce está… maravilhosa!
Hahaha muito astral esse busão! Adorei as poltronas floridas e o que é o karaokê gente?! hahaha
Nossa, quanta experiência legal!!!
E que lugares incríveis! Visitei uma caverna dessas, mais modesta, aqui na França, e fiquei impressionada, que para formar uma coluna, essas estalactites ou a outra que não lembro o nome levam milhares e milhares de anos. São 100 anos para um milímitro. Super impressionante a idade da terra!
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