Adeus Ásia, olá Europa!

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Foram quase seis meses de alfabetos com caracteres estranhos, comidas com muitos temperos diferentes, cores, sons, cheiros, religiões diferentes das que estou acostumada.

Milênios de história, de conflitos, de mitos e lendas que a gente, do outro lado do mundo, só ouve falar. Quando eu era pequena, a Ásia não era um lugar que eu pensava que iria visitar. Parecia tão longe, tão alienígena… Estou MUITO feliz, muito grata, por ter ido e visto tanta coisa incrível.

É um continente inteiro que é pouco explorado pelos brasileiros, talvez pela distância, talvez por puro preconceito mesmo. A verdade é que me senti mais segura na Ásia do que no Brasil. No quesito “violência”, ainda estamos bem atrás dos asiáticos. A barreira linguística, que me preocupava no início, nunca foi um problema. Mesmo em vilarejos onde quase ninguém falava inglês. A estrutura de hotéis, albergues, transporte para os lugares turísticos ou não, o sistema de informação relevante para quem viaja: tudo funciona mais ou menos bem, em alguns países é preciso ter mais paciência com horários do que outros, mas no fim a gente chega onde quer chegar e relaxa com um drink na mão e uma vista maravilhosa diante dos olhos.

O caminho também é incessantemente interessante: como as pessoas do local se comportam entre si, com estranhos e entre os famimliares. As cores e estilos das roupas, o tom das vozes (não dá pra entender nada da língua mesmo), o volume delas também. A música que toca incessante no auto-falante do motorista do ônibus, a família que compartilha seu lanchinho do trem com estranhos, o estilo dos 5 cidadãos dividindo o espaço de uma única moto.

Agora é hora de voltar pro que é mais familiar: Europa que a gente vê nos guias de viagens todos, que a gente conhece pela televisão, pelo jornal pela música e pela literatura. Eu sinto menos vontade de tirar fotos o tempo todo. Não porque aqui não seja interessante, mas eu já vi muitas dessas paisagens em fotografias de outras pessoas! Com certeza “exótica” não é uma qualidade europeia. Para o bem ou para o mau: não creio que conseguiria viver na Ásia (com exceção de Istambul – super moraria em Istambul! Mas ela é a mais europeia – ou mais brasileira? – das cidades asiáticas que visitei). Já a Europa.. sim, acho que conseguiria assentar raízes por aqui. Por algum tempo, pelo menos. Parece menos distante, menos difícil de acostumar para mim.

A mudança de continente também veio com uma mudança do comportamento dos outros para comigo. Na Ásia, eu era tratada como western tanto por locais quanto por outros turistas. Era ocidental, farinha do mesmo saco que ingleses, alemães, estadunidenses e canadenses. Na Europa já  não: sou latina! Já não sou mais western, ainda que continue sento mais do oeste do que os europeus. Não que isso sempre seja uma coisa ruim. Mas é engraçado mudar de “status” ao sair da Ásia. Para alguns, Brasil significa “imigrantes ilegais” e um país exótico e corrupto. Para outros, significa carnaval com mulheres seminuas, violência e o desmatamento da Amazônia. Uma terceira categoria sorri e curte o Brasil pelo que me admiro nele: a música, as paisagens incríveis, a simpatia do povo. O Brasil tem das três coisas no fim das contas, né?

É hora de entrar em cabeça na Europa! Adeus templos coloridos e banhados em cheiros e sons, olá catedrais imensas, silenciosas e escurecidas. Adeus arroz, olá pão e batatas! Adeus sobremesas carregadíssimas no doce, olá chocolate amargo e frutas vermelhas. Adeus cicatrizes profundas e recentes de guerras e sistemas sociais nada legais com os menos favorecidos, olá terra de altos níveis de educação formal e governos que tratam seus cidadãos como mães mimam seus filhos (e que ajudaram a criar muitas das cicatrizes dos países do primeiro grupo).

Ainda que eu chegue na Europa no verão, ele não é sempre tao quente ou tão úmido quanto as temperaturas asiáticas que senti. Já comprei casacos e calças para o verão escandinavo e, pela primeira vez no ano, usarei camadas e mais camadas de roupas – e tão dizendo por aí que está calor!

O que não tem mudado: a quantidade de pessoas incríveis que vou conhecendo pelo caminho. Vou visitar uma rede de amigos europeus que fiz pela Ásia este ano ou em outras viagens e mal posso esperar para fazer meu couchsurfing pessoal, só com gente que já mora no meu coração. Outros eu vou conhecendo pelo caminho, via couchsurfing.org, amigos de amigos que estão no mesmo lugar que eu de passagem ou morando, e, claro, as pessoas novas que vou conhecendo randomicamente pela rua, como sempre acontece entre semelhantes que “sentem a vibe” uns dos outros. Gentileza, simpatia e amizade não são exclusivos de uma região do mundo, ainda bem!

Que venha a etapa final da viagem!

*na foto: Istambul, a interseção deliciosa entre a Europa e a Ásia.

5 comentários em “Adeus Ásia, olá Europa!”

  1. Ai Lívia, não é rasgação de seda não, mas acho teu blog um dos blogs de viagem mais bem escritos de todos. Sempre que venho aqui me sinto acolhida e morrendo de vontade de sair à toa no mundo descobrindo lugares e conhecendo pessoas! Obrigada pela experiência, abraço :*

  2. Foi otimo ter visto seu blog, pois tenho um filho que está fazendo o que vc fez, e não tinha nenhuma noção de como é lá, sabe como é mãe não é, fiquei mais tranquila com seus comentários, valeu muito, ele está indo para as quatro mil ilhas e retornará p Thailandia p seguir p Alemanhã, foi otimo ter visitado seu blog, felicidades.

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