Chegou na sua casa agora: uma caixa mágica contendo seu passaporte com todos os vistos do mundo, licença no trabalho até o dia que você quiser voltar (se quiser) e dinheiro de sobra pra viajar sozinha, com mozão, família, amigas, com quem quiser ir junto.
Pra onde você iria?
Muita gente tem falado sobre a possibilidade de imigrar: pro Canadá, pro Uruguay, pra Portugal, pros Estados Unidos, pra Austrália, pra Nova Zelândia… vivemos tempos complicados. Eu também quero conhecer bem todos esses países, poder ir, visitar, morar um tempo… mas sabe qual país eu escolheria se eu ganhasse essa caixa mágica?
Eu iria prum país com diversas paisagens naturais incríveis, árvores centenárias de troncos gigantescos, orquídeas microscópicas, samambaias loucas, flores multicoloridas, frutas doces, azedas, amargas, pedronas expostas, morros roliços, cachoeiras caudalosas, corredeiras sobre solo salpicado de quartzo, cavernas profundas com lagoas cristalinas, campos de capim dourado, matas cerradas que escondem bichos de focinho comprido pra comer formigas, braços fortes pra abraçar árvores, pelagem manchada para camuflar sua presença. Um país que tem animais e plantas que os cientistas ainda não catalogaram.
Um país com algumas das praias mais bonitas do mundo. Com praias de areia branca, dourada, conchinhas e pedras, dunas de areia, mata tropical, falésias, coqueirais, águas azuis, verdes, marrons, quentes e frias.
Um país que tem calor úmido e seco, tempo fresco de montanha e até neve em alguns poucos lugares, só pra ter um gostinho.
Um país livre de terremotos, vulcões, furacões, tufões, monções.
Um país com gente diversa, sorriso solto, propensão à recepção calorosa com cafezinho e quitutes. Gente otimista sempre pronta pra fazer uma festa e deixar a gargalhada solta pela madrugada. Gente criativa, bem humorada, malemolente.
Um país com centenas de resultados da mistura entre continentes na culinária, na música, na dança, na literatura, na arquitetura, na pele.
Um país que, na falta da tecnologia formal, inventa gambiarras funcionais. Um país de inventores.
Um país que tem todo o potencial de ser incrível mas precisa acreditar mais em si, na força coletiva, nas diferenças que o compõem.
Um país em forma de coração.
Se eu pudesse ter todo o dinheiro do mundo para viajar, é para o Brasil que eu iria.
Mas não para o Brasil onde eu vivo hoje. Hoje, tenho medo das pessoas que querem acabar com o que o Brasil tem de melhor. Tenho medo das pessoas que querem mais armas. Tenho medo das pessoas que gritam com raiva. Tenho medo das pessoas que odeiam as diferenças, que odeiam mulheres livres, pessoas trans livres, negros livres, gays livres, corpos livres, pensamentos livres.
Tenho medo de quem ignora que antes de termos uma bandeira verde, amarela e azul a gente tem um nome: Brasil. Brasil vem de brasa, quente, vermelha, transformadora. Vem da árvore forte, bela e valiosa, a primeira riqueza a ser arrancada pelos invasores.
O Brasil não é vermelho, nem verde, nem amarelo, nem azul, nem branco, nem negro, ele é todas as cores, ele é essa mistura.
Misturas muitas vezes forçadas, resultado de estupro, de genocídio, de dominação. A história do Brasil, como a de muitos países colonizados, é de violência, mas ela não precisa ser perpetuada geração a geração.
Conciliar é possível. Reparar dívidas históricas com os povos negros e indígenas é urgente. Garantir que todas as pessoas tenham acesso a saúde, educação, trabalho, lazer dignos é o mínimo que se espera de um governo que governa para todos.
Assusta entender que ainda é preciso dizer o óbvio. A economia melhora quando todos (TODOS) têm condições de vida, quando as crianças estão na escola aprendendo, trocando umas com as outras, descobrindo novos horizontes. E é um perigo imenso permitir que armas se espalhem pelas escolas, pelas casas, pelas ruas.
Ao invés de alimentar o ódio, a gente devia estar alimentando a alteridade, a empatia, o carinho. Cafuné, palavra brasileira que podia morar nas pontas dos nossos dedos.
Tenho medo e é um medo bem mais real do que o que teve Regina Duarte antes da primeira eleição de Lula, porque ele é alimentado pelo próprio candidato que se diz democrático mas convoca seus eleitores a armar-se, a serem violentos e intolerantes. Um candidato que duvida do processo eleitoral, cujo filho mandou a justiça tomar no cu, que faz sinal de arminha com as mãos e sorri um sorriso sem lábios e sanguinário.
O outro candidato é tão tranquilo, ponderado, estudado, sabe escutar, sabe dialogar, sabe admitir erros e procurar soluções, foi premiado como prefeito e, ainda por cima, é gato e charmoso.
Haddad é o presidente que o Brasil precisa para avançar pelo século XXI triunfante.
Um político que governa para todos: mulheres, pessoas trans, negros, indígenas, quilombolas e homens brancos também. Que tem em seu plano de governo a proteção aos animais e o compromisso com desmatamento zero (não só na Amazônia, o Brasil tem muitas vegetações ameaçadas). Que se preocupa em apoiar e difundir as múltiplas culturas brasileiras. Que quer uma imprensa livre e pública (público significa que é de todos, não do governo, tipo a BBC na Inglaterra, tipo a TV Cultura em seus anos áureos com dinheiro). Que sabe que o Brasil é um país complexo e que acabar com a corrupção, com a violência e a desigualdade leva tempo, esforço, vontade coletiva de mudança.
Eu espero que a gente mereça esse presidente. Que a gente, coletivamente, escolha o futuro, a vida e o amor. Que a gente avance para o século XXI no caminho certo, de cabeça erguida, lutando para que todos possam viver mais e melhor.
Eu quero “Brasil, um país de todos”!
É por isso que esse domingo eu voto contra o projeto “Brasil um país de assassinos” que o belzebu que não para de gritar e urubuzar pelas redes sociais quer, mas não tem coragem nem pra aparecer num debate. Voto contra quem não tem plano nenhum além de conseguir o poder e virar rainha de copas “Cortem As Cabeças!”.
Eu quero minha cabeça colada no pescoço, eu quero continuar pensando, falando, andando na rua, viajando pelo país sem medo, aprendendo com meus irmãos de várias mães.
Voto Haddad sorrindo de orelha a orelha, torcendo por uma vida melhor para 200 milhões de brasileiros.
Vota também?
13 beijos,
Lívia
(a foto no alto do post é do Pantanal, tirada por Filipe Frazão e disponível na wikipedia para uso livre. A da folha-coração filodendro, eu tirei em Inhotim/MG)
13 Beijos pra ti também!
Canadá seria um pais ideal…primeira coisa que pensamos é no nosso filho…Amei o post e obrigado por compartilhar penso bastante sobre isso.