Razões para largar tudo e viajar pelo mundo

O principal motivo, primeiro e mais importante de todos, para ir fazer uma longa viagem pelo mundo é ter a vontade de ir. Se você quer, se você pensou nisso e tem certeza de que é o que você precisa nesse momento da sua vida, então vá.

 

Mas para fazer uma longa viagem, uma daquelas que vão requerer deixar trabalho, casa, amigos e parentes para trás, vale a pena saber como você vai pagar por ela (para não ter que voltar no meio do caminho, para não ficar preso em um país sem conseguir voltar, para não se endividar, para não depender de outras pessoas) e entender por que você está fazendo isso. Não que todas as viagens precisem de um porquê, nem todas precisam ser uma jornada de autoconhecimento. Mas depois da ida tem a volta – e como você quer que seja essa volta?

 

Viajar bem que poderia ser a solução para todos os problemas, ia ser muito mais fácil! Contrata um pacote de viagens autoconhecimento e pronto!
Mas não é bem assim.
Viajar, em si, não resolve nada, não responde dúvidas, não cria nem desfaz laços.
Mas viajar nos força a encarar situações novas, confortáveis e desconfortáveis, boas e ruins, e a nossa resposta ao novo ilumina quem somos. Viajar convida à reflexão sobre nós mesmos – uma jornada que explora o mundo externo e interno.
Durante esse tempo, aí sim, podem vir as tais respostas que procuramos sobre carreira, relacionamentos, objetivos de vida, universo e tudo o mais.

 

Se você está em dúvida se viaja ou não, aqui vão algumas razões para largar tudo e ir:

  • Viajar sempre foi seu sonho, mas a vida foi levando para outros caminhos, o dinheiro foi indo para outros fins, você foi seguindo aquilo que esperavam de você, mas a vontade ficou ali, no fundo da mente, incomodando. Aí então alguma reviravolta aconteceu, alguma coisa que de repente te tirou do ciclo convencional de vida que seus pais e avós seguiram sem questionar. O dinheiro não é muito, mas você não é exigente quanto a acomodação e transporte de primeira classe. Está afim de fazer um bico aqui e ali, tem alguns contatos que possam te dar um empurrão, uma poupança que compraria um carro à vista – o suficiente para alguns meses fora sem muito aperto.

Viaje!

Aproveite que a vida está te dando um tempo livre. Seis meses, talvez até um ano, não são suficientes para fechar as portas de trabalho e afetividade que você já tem. E quem sabe você constrói novas no caminho?

 

  • O que você faz não exige que vá até o escritório todos os dias. Aliás, tudo pode ser feito remotamente, pela internet, bastariam os contatos certos e alguma negociação. A sua família mais próxima não depende da sua presença física – ou ainda: eles querem ir com você onde for, também têm o espírito nômade e vocês compartilham a mesma vontade e possibilidade de sair por aí, fixar-se em outro país por um curto ou longo tempo. Você não tem dívidas e a sua casa própria (se houver) pode ser alugada rapidamente.

Viaje!

O custo de vida no Brasil é super alto e você não precisa estar aqui o tempo todo, certo? Acesse o NomadList para ajudar a escolher um local de base para suas explorações pelo mundo enquanto trabalha remotamente.

 

  • De repente você acorda e percebe que tudo tem sido um pesadelo: você trabalha tanto que os fins de semana parecem minutos, a rotina é tão massacrante que você nem lembra quando foi a última vez que um sucesso profissional trouxe alegria, você não lembra inclusive qual foi a última vez que deu uma risada, dentro ou fora da firma. Sua vida social está morta, só esqueceram de enterrar. Você faz um check-up e seu corpo aproveita a oportunidade para gritar que você precisa de descanso, olha sua conta bancária e percebe que tem muito dinheiro guardado lá e nenhum tempo ou energia para gastá-lo.

Viaje!

Nenhum sucesso profissional compensa o infarto/estafa/aneurisma. Pode ser um bom momento para respirar e refletir se vale a pena continuar nesse caminho (dica: provavelmente não).

 

  • Sua carreira se tornou sua vida – mas você para um segundo para pensar nela e não sabe porque está nesse barco. O que você faz não tem nada a ver com o que você gostaria de fazer e não há sinal no horizonte de que você cheguará aonde quer chegar se continuar nesse caminho. Para quem olha de fora, tudo parece ir como deveria: você está no emprego dos sonhos para muita gente, tem oportunidade de crescimento na empresa, seus chefes e subordinados estão satisfeitos com as suas entregas, as metas vão bem. Tudo parece perfeito, mas você está vivendo a vida de outra pessoa. Qual seria a sua vida? Você ainda não sabe, mas acumulou dinheiro suficiente para interromper tudo, repensar e depois recomeçar.

Viaje!

Aproveite o tempo fora para descobrir o mundo e se redescobrir, conectar-se com outras realidades, possibilidades e vontades.

 

  • Você ia se casar, ter filhos, montar um apartamento incrível junto com a pessoa amada – mas aí algo dá errado. Uma traição irremediável, desilusão fulminante, um dos dois confessa que não era bem isso que queria da vida ou vocês simplesmente percebem juntos que acabou o amor. O dinheiro que você ia gastar na melhor lua de mel do mundo ou naquela festa de casamento bafônica paira sem destino na sua conta bancária, o apartamento que tinham juntos foi vendido e deu grana suficiente para que cada um compre uma quitinete para si. Seu coração está em pedacinhos, sua fé no amor se esgotou e nada mais faz sentido. Trabalho? Você perdeu o seu durante o auge da crise e ainda não conseguiu se reerguer.

Viaje!

Alugue a tal quitinete por um preço honesto (ela pode inclusive financiar a viagem) e vá ver outras formas de amor pelo mundo, curar a autoestima com uma paquera em cada porto, reencontrar-se no silêncio solitário de um belo pôr do sol.

Se ainda não dá pra fazer uma mudança radical assim na vida, vá se preparando:

  • Guarde um dinheirinho aqui ou ali, abra uma poupança para esse fim específico.
  • Pesquise sobre os locais que gostaria de conhecer (às vezes dá para riscar um ou dois da lista durante as férias).
  • Prepare suas relações afetivas para a possibilidade de você cair fora um dia – e veja o que acham da ideia.
  • Faça contatos profissionais que lhe permitam sair do país ou aprenda uma ocupação que lhe dê mais mobilidade (nem tudo precisa levar a uma carreira com carteira assinada!).
  • Exercite seu lado nômade em viagens para menos lugares por mais tempo.
  • Viaje de forma independente mais vezes.
  • Leia blogs de viagem e inspire-se!

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Capadócia, Turquia, 2012.

7 comentários em “Razões para largar tudo e viajar pelo mundo”

  1. Inspirador este post! Eu gostaria mas ñ tenho esta coragem de largar td e sair viajando. Farei uma viagem em jan p/ a Europa, de +- um mês, durante as minhas férias. Alguém pode me indicar um bom seguro viagem? bjss

  2. eu quero muito largar tudo e viajar para nunca mais voltar. mas a minha poupança é muito pequena e cresce muuuito lentamente, e também não sei como poderia me sustentar durante a viagem, não consigo pensar em nenhuma ocupação que possa me dar mobilidade e para a qual não precise de curso universitário… ideias? me ajude por favor, leio muitos blogs de viagem para me inspirar mas preciso mesmo é de ideias práticas que não tenho :/

    1. Oi Tania! Essa sua dúvida rende um post, um livro, uma vida!!

      Mas já dou umas dicas: tenha paciência, se planeje e comece a economizar. Vai ser difícil já achar uma profissão que te deixe viajar pra sempre antes de começar (e terminar) a faculdade, mas já dá pra começar a sair do Brasil fazendo intercâmbio e viagens de férias!

  3. Pingback: O que os problemas em viagens me ensinaram

  4. Pingback: Lições que aprendi com outras mulheres que viajam sozinhas

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