Por que comer grilos fritos e outras esquisitices em viagens

A foto acima é de um vendedor de insetos fritos em Bangcoc, na Tailândia.

 

Todo lugar do mundo tem as suas comidas típicas estranhas e todo mochileiro tem suas histórias de experimentações culinárias pouco ortodoxas.

 

Inclusive na Europa e Estados Unidos, onde muita gente espera encontrar só “comida normal”, eles têm lá suas esquisitices: queijo com larvas italiano, arenque fermentado na Dinamarca, cérebro de porco na Franca (veja uma lista que fiz no blog da Superinteressante sobre alimentos esquisitos no mundo).

 

Tendo viajado pro México e pro Sudeste Asiático, todo mundo me pergunta: você teve coragem de comer grilos fritos? 

Resposta: sim! E não é tão ruim, juro. Só tem um jeito de saber se a gente gosta ou não: experimentando (leia post com 15 lições que aprendi viajando).

Se eu fosse uma estrangeira chegando no Brasil, ia ficar olhando a farofa com desconfiança: parece ou não parece com areia?

Só que me desculpem os haters: farofa é uma das melhores comidas do Brasil! Put some farofa in everything, já recomendou Gregório Duduvier.

 

Se um gringo vem pro Brasil e não come farofa, ele perdeu metade da experiência gastronômica brasileira, concorda? É o mesmo de ir pra qualquer país e se recusar a comer o que as pessoas de lá servem à mesa porque deu nojo ou você acha que não vai gostar.

 

Acha que vai ser uma experiência ruim? Experimenta e depois não repete.

 

Comer pratos típicos faz parte da viagem. Pra mim, não é viajar se eu não comi nada diferente do que tem na minha casa. Gosto de – e recomendo! – ir a supermercados e mercados locais pra ver o que as pessoas põem no carrinho de compras, quais são as marcas preferidas, variedades de uma mesma coisa e ingredientes mais comuns.

 

É diferente quando temos alguma dieta especial, claro. Alérgicos a pimenta, celíacos, intolerantes à lactose e outras restrições, assim como ser vegetariano, vegano ou crudívoro limitam um pouco essa “sijogância” nas comidas, mas ainda sim é possível viver altas aventuras!

 

No México, por exemplo, dica vegetariana: não deixem de provar o maravilhoso nopal, uma espécie de cactus. Quando cortado, ele libera uma baba que nem quiabo, mas é delicioso! Gosto bastante em saladas e sucos.

 

Muita gente deixa de experimentar quando vê aquela gosma dele – pai, perdoai, eles não sabem o que fazem!

 

Mas voltando aos grilos:

Entre experimentar uma farofazinha, nopalzinho ou  pela primeira vez e comer grilos fritos é outro nível de experimentação e aventura. Mas encarei com coragem. Meu primeiro inseto foi um daqueles grilos grandes, que até me “atacou” com as garrinhas das perninhas.

 

Abaixo, veja o vídeo que fiz quando comi insetos pela primeira vez, na Tailândia:

 

Como eu disse no vídeo, parece pipoca. E é isso mesmo: algo crocante, salgado (e, no caso, apimentado).

 

Na verdade, comer insetos não é novidade nem pra quem nunca saiu do Brasil, mas já foi pro interior: minha mãe lembra de comer farofa de formiga tanajura na infância (“crocante”, disse ela), norte de Minas Gerais!

 

Não é o tipo de comida que eu compro no mercado, mas pra experimentar e fazer uma zoeira, não doi nada. Aliás, entre os insetos fritos, meus preferidos são as larvas, que são crocantes por fora e macias por dentro, tipo uma batata frita gorda.

 

No México os insetos também são populares: são os famosos chapulines (O Chapolim Colorado!), que podem ser normais ou “colorados” (vermelhinhos).

 

Os grilinhos mexicanos são comidos em vários lugares, mas especialmente no estado de Oaxaca – eles são temperados com pimenta, limão e sal, como tudo no México. As variações são pela espécie, tamanho, cor e estado de conservação (o mais barato é comprar o farelinho de inseto quebradinho). Come-se como se fosse amendoim, quando a galera tá tomando cerveja ou mezcal no bar, ou então em pratos rápidos, como quesadillas ou tacos.

 

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Chapulines (grilos fritos) em vários tamanhos e tipos no mercado de Oaxaca, México.

 

Outro inseto consumido por lá são os vermes parasitas do agave (cactus), comuns dentro de garrafas de mezcal e tequila. Dizem que comer o famoso “gusano” junto com a bebida deixa as pessoas mais loucas! Parece uma minhoquinha mesmo e não acho nada de mais. Já os “escamotes”, ovos de formiga, são deliciosos (e caros!). Eles vêm servidos como se fosse uma pastinha, nem parece ovo.

 

Na Tailândia, os insetos são tipo “comida pra viagem”: você compra um saquinho deles pra beliscar durante um trajeto de ônibus, barco ou caminhada.

 

Nos lugares turísticos, os insetos costumam ser ruins, meio rançosos de gordura velha, sabe? O melhor é experimentá-los em alguma barraquinha que você ver tailandeses comprando também. Aliás, essa dica de comer em locais onde os nativos comem vale para tudo: sendo comida estranha ou não! Eles que sabem onde é bom, né?

 

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Tiozinho da barraquinha de insetos em Ayutthaya, Tailândia. As larvas são a terceira da esquerda pra direita. Hmmmm! hahahaha Fumar e vender comida: a Anvisa não chegou por lá!

A segurança alimentar é a real preocupação na hora de comer!

Verificar se os alimentos estão bem armazenados e são frescos, se a preparação é feita com cuidado, se o ambiente é limpo. Isso sim faz diferença entre o piriri e a viagem tranquila.

 

E se ambiente for limpo e der pra experimentar algum prato diferente, estranho ou não, entro na fila imediatamente!

 

O pior que pode acontecer se você experimentar é não gostar da comida. Por isso, sempre comece provando um pouquinho só.

 

Publiquei o vídeo comendo insetos pela primeira vez neste post, em 2012.

Leia mais posts sobre a Tailândia. E mais posts sobre o México também 🙂

 

1 comentário em “Por que comer grilos fritos e outras esquisitices em viagens”

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